Domingo de Páscoa no Jura, essa planície que se enganou e se toma por uma montanha. Não é. É uma planície sensual e gozona, torturada pelo tempo e tranquila, ordenada e selvagem. Aqui a ordem visível é uma aparência - pode dizer-se o mesmo da Suíça, é verdade. Mas em lado nenhum esta sensação é tão forte como no Jura. Nos Alpes a natureza é bruta, violenta, claramente masculina. No Jura tudo é feminino, sensual, dissimulado, redondo, ordenado. As casas são feias, cossues, sem elementos decorativos. Telhados até ao rés-do-chão, uma janela por divisão, mulheres recatadas que só se revelam quando as conhecemos e nos conhecem, quando as tocamos nos sítios certos.
Ao longe vêem-se os Alpes - masculinos, brancos de neve, abruptos. Na Suíça, Alpes e Jura enfrentam-se, estão próximos. Neste país, a ideia de compromisso nasceu com a geografia.
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Quero morrer vivo e não já morto. Viver por viver, que seja até à última gota - de vinho, aguardente, rum ou amor.
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Não prometo responder a todos os comentários, mas prometo que fico grato por todos.