Isto tudo dito, só apetece dizer que nada foi dito ainda, porque só está tudo dito quando nada mais se pode dizer e a vontade de nada mais dizer não chega, não substitui o facto de que tudo não foi ainda dito, por muita vontade que se tenha de nada dizer mais, nunca mais. A vontade não chega. Não é hoje que nada direi nunca mais.
Hoje, direi apenas que se hoje tudo estivesse dito, tudo teria valido a pena. Hojes, penas: não há singulares, só plurais. Tudo teria valido as penas. Cada vida com suas dores, suas vitórias e no fim o saldo é positivo (desde que não se metam cifrões em campo, claro). Como é que ele dizia? "Jogam onze contra onze e no fim os alemães ganham." Jogas sozinho contra todos, com todos, e no fim a vida ganha. Não somos máquinas de reproduzir genes e se fôssemos tudo estaria bem. Felizmente, há mais num gene do que uma dupla hélice. Há um olhar, um corpo, um futuro ao qual o gene não é impermeável. Somos o que somos, o que seremos, o que fomos, o que fizeram de nós e nós deixámos fazer, o que fazemos, fizemos e faremos. O que sou e fui continua, felizmente alterado, adaptado, modificado, adaptado.
Sou o que em vós poderei ser, o que de mim guardareis, o que de mim respirareis quando já não for. Tornais-me mais fácil o já não ser, porque já fui e sou. Não será hoje que não serei: enquanto houver oxigénio há vida e vós sois oxigénio.
Duas duplas hélices que se fundiram numa só, escolhendo o melhor de cada uma delas: "il faut le faire".
Il faut le faire, mon H., mon T. de ma vie, mes amours de toujours et pour toujours. Il faut te faire.
Duas hélices ou dois hélices?
ResponderEliminarDois no caso dos navios e aviões, duas nos outros. Mas isto é um parece-me e estou aberto a correcções.
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