11.4.21

Für H. & T.

Isto tudo dito, só apetece dizer que nada foi dito ainda, porque só está tudo dito quando nada mais se pode dizer e a vontade de nada mais dizer não chega, não substitui o facto de que tudo não foi ainda dito, por muita vontade que se tenha de nada dizer mais, nunca mais. A vontade não chega. Não é hoje que nada direi nunca mais.

Hoje, direi apenas que se hoje tudo estivesse dito, tudo teria valido a pena. Hojes, penas: não há singulares, só plurais. Tudo teria valido as penas. Cada vida com suas dores, suas vitórias e no fim o saldo é positivo (desde que não se metam cifrões em campo, claro). Como é que ele dizia? "Jogam onze contra onze e no fim os alemães ganham." Jogas sozinho contra todos, com todos, e no fim a vida ganha. Não somos máquinas de reproduzir genes e se fôssemos tudo estaria bem. Felizmente, há mais num gene do que uma dupla hélice. Há um olhar, um corpo, um futuro ao qual o gene não é impermeável. Somos o que somos, o que seremos, o que fomos, o que fizeram de nós e nós deixámos fazer, o que fazemos, fizemos e faremos. O que sou e fui continua, felizmente alterado, adaptado, modificado, adaptado.

Sou o que em vós poderei ser, o que de mim guardareis, o que de mim respirareis quando já não for. Tornais-me mais fácil o já não ser, porque já fui e sou. Não será hoje que não serei: enquanto houver oxigénio há vida e vós sois oxigénio. 

Duas duplas hélices que se fundiram numa só, escolhendo o melhor de cada uma delas: "il faut le faire".

Il faut le faire, mon H., mon T. de ma vie, mes amours de toujours et pour toujours. Il faut te faire. 

2 comentários:

  1. Duas hélices ou dois hélices?

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    1. Dois no caso dos navios e aviões, duas nos outros. Mas isto é um parece-me e estou aberto a correcções.

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Não prometo responder a todos os comentários, mas prometo que fico grato por todos.