15.7.22

Diário de Bordos - Cabrera, Baleares, Espanha, 15-06-2022

Cabrera está a abarrotar. Não me lembro de alguma vez ter visto isto assim. Está de tal forma que o xiringuito chamou reforços, os empregados sorriem, correm, sorriem de novo. A música é horrorosa, claro, mas estou-me nas tintas. A mágica - e os tintos de verano - funcionam. É bom ver isto assim e vou tentar lembrar-me desta frase para sempre, porque o dia chegará em que, inevitavelmente, terei vontade de reclamar contra esta «multidão» (entre aspas porque é um manifesto exagero). Está cheio, é tudo. Ouve-se falar inglês, alemão, francês, espanhol e de vez em quando a música melhora. Reclamar o tempo todo é muito cansativo; opto pela magia, que se sobrepõe a isto tudo. Aproveito e juro voltar cá um dia na Primavera ou no Outono. O dia cai, de momento ainda em câmara lenta: falta mais de uma hora para o pôr-do-sol. A luz já começa a arredondar-se, a térmica esvai-se até à chegada da da noite, o xiringuito continua a expandir-se em mesas pela «rua» fora. Os confinamentos foram uma merda em todos os sentidos incluindo - provavelmente, não sei, ainda é muito cedo - isto de terem atenuado a minha misantropia. Agorafobia tavez seja mais correcto. Seja o que for: cada vez que estou em sítios assim e a tentação de reclamar aparece, lembro-me de quando não havia gente em lado nenhum, tinha de me chatear de dois em dois minutos com alguém por causa das máscaras e não havia nada para comer (as tapas aqui são inesperadamente boas).

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Amanhã acaba o charter. Não é tarde nem é cedo: na verdade, este não foi dos piores. Nem dos melhores, de resto. Foi assim assim. O que não implica que não esteja contente. Tenho a noite de sábado, o dia de domingo e a manhã de segunda-feira por minha conta. Um luxo.

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