Basta começar com "estou gentilmente fechado em mim mesmo" e depois vai-se por aí abaixo, eixo vertical (é o paradigma ou o sintagma? Não me lembro): acaloradamente, solitariamente, tristemente, felizmente, sonhadoramente... É um nunca acabar de ...mente, advérbios de modo a cheirar a mofo. Estou gentilmente de volta ao beliche, deixo Palma à espera, sonho com uma ventoínha (ou com um ar condicionado, não sejas pobre no sonhar), levanto-me podre de fome e de vontade de comer uma boa spaghetatta, o Bonobono está fechado e acabo ao lado, Cuccina Italiana Contemporanea.
Por que raio de carga de água fico ligo de pé atrás ao ver cozinha e contemporânea na mesma frase? É imediato e como agora justificado. Quase sempre justificado.
Não se pode dizer que o spaghetti com polvo esteja mau. Não está. Mas não chega aos calcanhares da lasanha do Bonobono. Enfim, está comido. A música é boa, baladas de jazz bem escolhidas, o Makaria está demasiado longe para a fome, estou sintagmaticamente jantado. Agora é só acabar o vinho e voltar para o beliche, para os braços acolhedores do meu P., o sacana faz-me pagar bem caro essa hospitalidade.
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Amanhã, reunião de trabalho com o B., encontrei finalmente um gajo porreiro, sério, que sabe o que sabe e sabe sobretudo o que não sabe.
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As palavras voam em todas as direcções, andorinhas tontas.
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Hoje consegui o prodígio de pôr o cadeado da minha bicicleta na do vizinho, três ou quatro burras ao lado. Ficou assim uma grande parte da tarde. Espero que ele não tenha precisado de sair.
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Não prometo responder a todos os comentários, mas prometo que fico grato por todos.