Regresso a Palma: regresso a casa. Larguei à sete da manhã de Pollença, como previsto; sem pequeno-almoço, ao contrário do que pensara. Fiz bem: duas horas e meia de navegação, mangueirar o bote, recolher roupas de cama e toalhas sujas para a lavandaria e hey, presto, uma pratalhada de bacon e ovos que me aguentou até agora, duas tapitas no Jaume depois de um duche no clube, de ir buscar a bicicleta ao Ivo, a roupa à 5 à Sec (pequeno milagre, ainda lá estava uma senhora). Nos entretantos, dois ou três pequenos pormenores a resolver.
A isto chama-se um regresso activo. A qual actividdade não me impediu o habitual deslumbramento da todas as chegadas a Palma. As cidades, escrevi recentemente, são feitas de repetições (e de pessoas, a auto-citação é diacrónica). Ou seja: de reencontros. Com o Ivo falamos da incapacidade comum de viver sem uma bicicleta, com o Jaume da próxima vinda da minha filha e companhia (uma estadia de três dias em Palma é pior do que pôr o Rossio na rua da Betesga) e por aí fora. Passo os pormenores. Sei que tenho de os levar ao bar Rita, ao Gustar (reservado), ao Jaume, à Vermuteria Rosa, ao Divino, ao Antiquari, ao 7 Machos, à Cuadra de los Maños - a minha filha é pouco amiga de carne, talvez a faça mudar de ideia - à Tramuntana e improvavelmente à Catedral e ao museu Miró (isto é muito egoísta, mas não se diz a ninguém. Ando há anos para lá ir). Além de bares, cafés, restaurantes e montanhas há que ver a cidade e aproveitar as praias. Outro sítio indicado para quem não gosta de carne é o rodízio brasileiro de Portixol, que é magnífico. Enfim, um puzzle interessante, apaixonante e - principalmente - ansiógeno.
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Uma das origens do cansaço: atracar um bote como o WANDERLUST consome tanta energia como duas horas de pesos e alteres, apesar de a parte complicada não levar mais de cinco minutos. Na verdade, prefiro as lanchas maiores: sendo mais pesadas são menos parecidas com um sabonete em cima de um ringue de hóquei no gelo.
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O «meu» P. mantem esta sua irresistível capacidade de me fazer olhar para ele e em vez de ver um barco em trabalhos vê-lo pronto e a navegar. Suponho que a rivalidade ancestral entre as mulheres e os barcos venha daqui. É certo que conheço várias histórias de homens a quem as mulheres disseram «ou eu ou o mar» e optaram pela mulher. Esses homens - dos quais o meu Pai fez parte, mais ou menos (a formulação foi diferente) - são uma minoria, é preciso dizê-lo. Sacana do bote entranhou-se-me de tal forma que separar-me dele seria como amputar um braço.
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Isto tudo dito, só me resta esperar que o transporte do Lagoon de La Rochelle para Mallorca se confirme. Preciso de uns dias de mar a sério.
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O Ivo não quer vender-me a BH Glasgow que lhe tenho alugado durante estas breves passagens por Palma. Diz que demora muito tempo a pôr uma bicicleta como deve ser para a poder alugar.
Como eu o compreendo. A burra está perfeita. Até já conhece o caminho do 7 Machos.
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Não prometo responder a todos os comentários, mas prometo que fico grato por todos.