Hoje é uma sexta-feira de meados de Agosto. Os sítios que conheço em Palma estarão intragáveis de cheios, de maneira peguei na Órbita e fui para os lados menos pedalados. Enquanto fazia uma curta sesta pré-prandial tive um acesso súbito e incontrolável de saudades de Portugal. A Tasquita d'Esquina não sobreviveu à "pandemia" (a Sandra voltou para Portugal e está a trabalhar numa cadeia hoteleira no Algarve, responsável por uma série de restaurantes). Fui ao Vinho: só têm "petiscos". Ao lado há uma freiduria andaluza, mas o cheiro a fritos... Passemos. Aterrei numa micro-cervejaria aonde bebi duas Irish Pale Ale bastante boas, mas de morfes só empanadas. Não, obrigado. Fica para a próxima. Como plano Z tinha o Bonobono. Fechou de vez.
Há dias assim. Felizmente lembrei-me do Bastian Contrari, um restaurante aonde vim uma vez com a M. e a A., um casal de lésbicas do qual uma metade parece um camionista (no masculino) e a outra um modelo da Vogue (no feminino). Gosto imensamente delas e tenho pena de ainda não lhes ter ligado (parece que se separaram e estou sem energia para desgraças). Elas eram clientes habituais, arrefinfam-lhe no tinto de uma forma mais do que louvável, o restaurante é esplêndido e acabei a prometer aos donos da casa que lhes traria uma garrafa de vinho do Porto na minha próxima viagem a Portugal. (Estava para quase.) Trouxe a garrafa mas dei-a a outra pessoa (não perguntem, não me lembro) e nunca mais aqui voltei, avassalado pela vergonha.
Hoje as circunstâncias supramencionadas levaram a melhor sobre a vergonha. Sou escravo da minha palavra? Sem dúvida. Mas esta de vez em quando tem direito a uma carta de alforria e eu concedi-lha.
Resultado: o melhor jantar dos ultimos duzentos e cinquenta anos. Carrillera de porco ao Marsala com polenta frita (esta um pedido meu, o prato original é com puré de batata. O jovem diz que o vai adaptar e tem toda a razão. Assim considero o episódio da garrafa de Porto dirimido).
Caso eu não tenha tomado nota: Bastian Contrari, perto do antigo Bonobono. Este restaurante é o melhor italiano a oeste de Greenwich, dando a volta completa e voltando à origem. Pertence a uma família que já teve um restaurante no Mónaco ou lá perto e cujo patriarca trabalhou em Verbier. Não estou nada surpreendido: este nível de qualidade não se improvisa. Estou surpreendido: tanta qualidade a preços normais é absolutamente surpreendente.
Resultado: voltarei para bordo de alma replena de serotonina e dormirei como não dormi durante a tal sesta. Ele há males que vêm por bem.
PS - têm hierbas Dos Perellons. E ainda há quem não acredite que isto anda tudo ligado.
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Não prometo responder a todos os comentários, mas prometo que fico grato por todos.