As opções pós-prandiais são muitas, mas acabo por vir para bordo (bordo tendo aqui o sentido de casa). Penso que se o beliche me rejeitar posso sempre ir para outro lado qualquer. E que devo tomar o sacana do comprimido, já agora. Montei a ventoínha num instante, dois bons goles nas hierbas da Pamboleria (como é que ele se chama?) e estou pronto para enfrentar o beliche.
A luta é desigual, eu sei, mas é dessas que eu gosto, não é? Não. São essas que eu não sei evitar, o que é diferente. E como não sou gajo de não ir à luta, o resultado está à vista.
Excepto, claro, nas lutas que se evitam com dinheiro, ou cujo adversário é a irracionalidade. Dessas afasto-me: ou seja, vou ao 7 Machos beber uma margarita. Ou uma tequila. Não se pode chamar a isto conceder a derrota. É antes reconhecer a superioridade do medo ou da raiva ou dos dois sobre a razão.
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Peroro sobre estas coisas, olho para o meu P. e penso em quanto o amo, em quão irracional é este amor e pergunto-me: há amores racionais?
É como se vivesse numa cave, vindo de um palácio. O I. até máquina de fazer gelo tinha. E máquina de lavar loiça - nunca usada, diga-se em defesa das senhoras. Mudar dali para aqui é como mudar de galáxia.
Como se pode gostar disto, depois de um Verão naquilo? Que pergunta mais estranha, não é?
Gostamos do que somos e somos coisas diferentes.
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Há anos havia um teste de personalidade do qual uma das perguntas era se o sujeito preferia uma fotografia de mar revolto ou de mar chão. Confesso que nunca me interessei o suficiente por esse tipo de testes para pensar muito no assunto. Hoje, todavia, voltava para casa e o mar estava liso como o ventre da mulher que amei aos dezoito anos e pensei que cada vez me sinto mais atraido por estes mares lisos, espelhos, chãos. Não sei se é a idade, se o bom senso que finalmente penetra nesta cabeça dura.
Espero que seja da idade. Continuo a ter sérias dúvidas sobre o bom senso.
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Não prometo responder a todos os comentários, mas prometo que fico grato por todos.