14.9.22

Eternidade, morte

Ali chegada, o seu maior sonho era que os últimos anos de vida fossem poucos, curtos e começassem depressa, mas o seu código genético não lhe fez a vontade e viveu até aos noventa, cheia de energia. Para ela, saber quem obedece a quem - se nós aos genes, se eles a nós - deixou de fazer sentido. "Separaram-nos à nascença', dizia. "É um diálogo de surdos, o nosso. Digo-lhes uma coisa e eles fazem outra, querem forçar-me a fazer isto ou aquilo e eu faço o que me apetece." Pouco antes de morrer - teve uma morte feliz, rápida e indolor - deixou uma nota: "o tempo é a parte da eternidade que se atrasa (Milorad Pavić, in Dicionário Khazar). Pois eu fiz a eternidade esperar e fiz muito bem."

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