O solstício de Inverno é hoje (às vinte e uma e quarenta e oito, para quem estiver interessado) e eu aqui sentado à espera. Esperar é muito chato, é uma seca, um horror; há porém que reconhecer que ter esperança é pior. Eu não tenho esperança nenhuma em nada apesar de passar a vida à espera. À espera de chuva, à espera do solstício (é a primeira vez que isto me acontece e será provavelmente a última. Preocupo-me tanto com as paragens do Sol como com o meu primeiro biberon ou o que o Papa pensa do sexo antes do casamento. Espero pelo solstício unicamente para ter alguma coisa diferente do habitual por que esperar. Se esperar é chato, fazê-lo sempre pela mesma coisa é pior ainda).
Espero também que esta pedra que arrasto comigo para todo o lado me largue; sendo, contudo, pouco provável que isso aconteça em breve não dedico muita atenção a essa espera. Há que saber seleccionar as esperas, coisa que se aprende com a prática. Nenhuma teoria nos ensina a esperar ou o que esperar. Tem de ser uma aprendizagem empírica. Espera-se o que é inevitável esperar. Ao lado, acrescentam-se uns pós de outras esperas para variar o mix, esperam-se uns anos para que o saber consolide e pronto, um dia somos doutores em espera. (Tal como somos doutores em desenrascanço, outro atributo útil a quem tem de esperar.)
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Não prometo responder a todos os comentários, mas prometo que fico grato por todos.