5.3.23

Comboios, sonhos

Esta ideia tonta de a noite ser uma bola, ser redonda, não ter ponta por onde se lhe pegue, nem calor, nem sono,  ontem, hoje... Tem amanhã, vá lá, não se perde tudo. Dia é aquela parte do dia em que não estamos juntos porque vamos trabalhar os dois, ela para um lado eu para outro. Depois chega a noite, ela continua de um lado, eu do outro e a noite arredonda-se, fecha-se num círculo em que nada nem ninguém penetra.

Enfim, não é bem verdade. Entram as memórias, parece que estão no comboio: umas lêem, outras passeiam-se, às vezes vão ao bar buscar uma bebida ou uma club sandwich, assim em inglês porque é um comboio chique, este da noite. Ou da memória, se preferirem. O comboio é grande, anda devagar. O bar fica numa das extremidades, a que fica do lado do mar.

Nada estraga mais uma noite do que um comboio carregado de lembranças. Até os nomes das estações mudam. 

Se ao menos fossem carregados de sonhos.

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