À economia circular, que me indifere, contraponho a vida circular, a minha. Infelizmente, ao contrário do par de botas que calço nos dias de chuva ou quando vou para o campo - para alguma coisa há-de ser ir - a carcaça para nada servirá, quando se for desta. Fará fumo e cinzas ou alimentará insectos e bactérias, quando muito. Já das botas talvez alguém faça uma obra de arte, um cinzeiro, umas botas novas, uma casota para lagartixas, que sei eu?
Sei que mais vale circular ainda em vida e fazer desta uma circular, caminho de sonhos e outros corpos, carrinho de ideias, aprendizagens, leituras, "passos em volta", à volta, de volta. Carrossel de cavalos vivos, uns fogosos outros mortiços, carrossel ora avariado ora sobre-acelerado, às vezes cheio de cores outras a preto e branco. És de onde estás mas nunca ficas em de onde és. Circula, vida. Paradas ficam as botas, a albergar lagartos. Tu bebe e deixa-te beber, ama e sê amada, circula e faz-te círculo.
Passa por onde já estiveste mil vezes: a cada uma será a primeira. Começa e acaba: será a última.
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Não prometo responder a todos os comentários, mas prometo que fico grato por todos.