No seu afã de lutar contra as discriminações e pela inclusão - também conhecido por palermice - o PS de uma pequena comuna de Genebra (o cantão, não a cidade) quer lutar contra a «glotofobia». Traduzo directamente de «glottophobie», que é, segundo a wikipédia, um neologismo. Significa discriminação baseada nos sotaques. O PS de Vernier teve de ir buscar um neologismo para juntar uma causa à sua longa lista delas (fui ver o site. É ilegível por causa da escrita inclusiva, outra aberração mas mais antiga). Nada disto seria muito importante: os PS de todo o mundo são feitos de moinhos de vento contra os quais lutam os valentes D. Quixotes que os compõem - pelo menos aqueles que mantêm a honestidade primeva. Nos outros, mais actualizados, são verbos de encher os bolsos, mas isso é outra história.
Nada disso seria muito importante, dizia, se não ocorresse num país pequeno composto por vinte e seis países minúsculos que partilham três idiomas (de facto. Na propaganda oficial são quatro). Cada uma dessas línguas tem um sotaque diferente em cada vale (tão identitários que por vezes têm nomes: baseldeutsch ou züritüütsch, por exemplo, são duas das inúmeras variantes do schwizertütsh (ou switzerdeutsch). O alemão dos Appenzell Rhodes-Intérieures é diferente do dos Appenzell Rhodes-Extérieurs e por aí fora.
Acresce que não há provavelmente no mundo país no qual seja melhor, mais confortável, mais indiferente ser-se estrangeiro do que na Suíça. Pelo menos no meu mundo não há de certeza. Que o PS de uma aldeola do cantão de Genebra precise de levantar lebres (virtuais) com a sofreguidão de um cão de caça (real) demonstra simplesmente que não têm mais nada que fazer. O que é, reconheça-se, bom sinal.
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