Desta vez não me apetecia nada vir a Marselha. Enfim, ainda não me apetece, na verdade. Mas a magia opera na mesma. Chegar à estação de Saint-Charles, ir à esplanada ver a catedral (aqui conhecida por Bonne Mère), descer a escadaria, percorrer a Canebière, chegar ao Vieux Port. Desta vez não foi bem assim porque estava a chover e vim de metro, mas a sequência foi essa. Seja no metro seja a pé vê-se bem o catálogo de feições mediterrânicas que Marselha é.
Chego ao hotel, um desses meias estrelas onde fico quando não quero gastar muito dinheiro. É barato (comparativamente) e está super bem situado, mesmo no centro mas numa rua calma - o que não é propriamente uma surpresa pois foi exactamente por isso que o escolhi.
O restaurante judeu (chama-se Falafel) está fechado. Todos os restaurantes judeus de Marselha estão: é sábado. Acabei no Bouchon Provençal por indicação do senhor do Café des Arts, aonde dantes ia beber rum. (Hoje pedi vinho tinto sem sequer me lembrar do pastis. Esta mudança tão radical de hábitos não deixa de ser intrigante.) O tal Bouchon é esplêndido, apesar de não ser precisamente aquilo que eu procurava: uma coisa parecida com o Vin des Rues, na parisiense rue Daguerre do meu coração. Mas isso é difícil de encontrar. É preciso passar muito tempo numa cidade, deambular-lhe as ruas e os passeios. O Vin des Rues fechou, mas vocês vêem onde quero chegar. O Bouchon fica pelo menos um patamar acima do outro na escala de aburguesamento.
Amanhã vou para Port-Saint-Louis-du-Rhône, verdadeiro objectivo desta viagem. Mas isso fica para amanhã, precisamente.
Sem comentários:
Enviar um comentário
Não prometo responder a todos os comentários, mas prometo que fico grato por todos.