2.6.23

Liberdades, prisões. Ou: contra o relativismo

A minha geração - ou a geração ligeiramente anterior - descobriu a liberdade como Colombo descobriu a América: por engano. Pensava estar num sítio e estava noutro. Os boomers esqueceram-se de que não há a liberdade. Há liberdades. E que estas têm duas faces: cada liberdade é uma prisão, como a noite é parte do dia. "Liberdade é poder escolher as nossas prisões", disse não sei quem, que ou não era boomer ou percebeu algo que a maioria deles não percebeu. Isto vai mais longe e mais fundo do que "a tua liberdade acaba onde a minha começa". A minha liberdade é também a minha prisão. 

A maioria das asneiras do nosso tempo vêm de se ter escamoteado esta verdade simples. Pensa-se que se pode dizer o que se quiser. Pode, claro, de um ponto de vista jurídico.  Mas isso não significa que se possa pensar tudo o que se quiser. Há limites e obrigações. Um direito não é uma obrigação. O facto de eu poder dizer uma palermice não a valida. Uma palermice é uma palermice, por muito direito que se tenha de a dizer ou fazer. Não deixa de o ser.

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