Entra-se no cansaço mas não se sabe como se sai dele. A minha hipótese é: não se sai. É ele que sai de nós. Há entre nós e o cansaco uma reacção alquímica: nós entramos nele, ele transmuta-se em parte de nós (se fosse a totalidade não o conseguiríamos nomear) e um dia ele farta-se e deixa-nos. Enquanto é nós - ou está em nós ou nós estamos nele - o cansaço torna-se uma pessoa física, uma pessoa de carne e osso que anda ao nosso lado, come connosco e por vezes tem a gentileza de nos passar as rédeas. Pessoalmente, na minha óptica, na minha perspectiva, do meu ponto de vista o cansaço só faz isso (passar-nos as rédeas) quando está ele próprio cansado. E assim andamos os dois, ele e nós, num jogo de toca e foge.
Devo dizer que não me aborrece nada. Só gostaria que ele tocasse um bocadinho menos e fugisse muito mais.
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Não prometo responder a todos os comentários, mas prometo que fico grato por todos.