9.9.23

Diário de Bordos - A Coruña, Galiza, Espanha, 09-09-2023

Chegamos à Coruña debaixo de uma carga de água - estamos na Galiza - e atracámos com o barulho de uma horrenda música vinda não sei de onde - estamos em Espanha, aonde o barulho está para a vida social como o oxigénio para o ar. 

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Esta cidade encanta-me, apesar da maldição das televisões nos cafés. Ontem vi pela primeira vez um concerto com aqueles ecrãs gigantes de cada lado do palco. Foi na praça Maria Tita, cuja beleza está mais ou menos ao nível da da Plaza Mayor em Palma. O palco era gigantesco, os artistas pareciam formigas mas os ecrãs davam-nos a vê-los pormenorizadamente. A música era assim-assim - rock pesado, mais ou menos honesto - chovia a rodos mas as pessoas assistiam animadamente, debaixo de chapéus de chuva enormes (parece serem a norma aqui). Hoje andei à procura de um café para escrever e acabei por assentar arraiais neste, Ó Sampaio, uma cervejaria perto da marina cujas mesas são feias, a empregada mal-disposta, o vinho a copo bom e o caldo que o empregado - este alegre e simpático - acaba de me trazer bastante bom. Nunca como nesta escala o aspecto caleidoscópico da Coruña me foi tão visível. Desde o início desta viagem que não via tanta gente na rua, sorridente debaixo dos chapéus de chuva a comer polvo debaixo de um dilúvio (enfim, debaixo dos toldos nos quais diluviava copiosamente).

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Não prometo responder a todos os comentários, mas prometo que fico grato por todos.