Deixemo-nos de tretas, minha querida. Pode ser? Perguntas-me o que é o amor. Não sei. Não faço ideia. Talvez um par de mamas num par de mãos, não?, se essas mamas forem as tuas, tão bonitas e minhas as mãos, tão calosas e brutas. Talvez uma coisa direita e voraz noutra húmida, quente e esfomeada. Talvez essa fome seja aquilo a que chamas amor, não achas? Ou talvez aquilo que endireita o que se endireita só de pensar em ti. Talvez seja isso esse amor de que não páras de falar. Eu sou mais fazedor do que falador, que queres? Também verdade seja dita que não te tenho ouvido muitas queixas. Antes pelo contrário. Podes duvidar de tudo em mim, menos dessa capacidade de transformar em actos as tuas palavras. Encontrámos uma maneira consensual de partilhar o amor: tu falas nele e eu faço-to. De cada um segundo as suas possibilidades, como dizia o outro, essoutro de que tu tanto gostas e eu tão pouco.
Assim vamos indo, rumo ao amor científico, um grama por sílaba. Ou um minuto, se preferires. Por isso falas tanto nele, não é? Tantas sílabas, tantos minutos. Eu pensava mais em gramas de mamas, mas as mulheres são holísticas, avaliam as coisas na sua globalidade. Vamos a isso. Perdamo-nos na vastidão da globalidade. Encontremo-nos no fio tão grosso do amor que nos une.
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Não prometo responder a todos os comentários, mas prometo que fico grato por todos.