20.3.24

Diário de Bordos - Le Marin, Martinique, DOM-TOM França, 20-03-2024

«Contente-toi de savoir que tout est mystère :
la création du monde et la tienne,
la destinée du monde et la tienne.
Souris à ces mystères comme à un danger que tu mépriserais.»
Omar Khayyam.

O jantar foi agradabílissimo, na Paillote Cayali. Como não estava sozinho pude comer os meus boudins créoles sem ser obrigado a encomendar um prato. Fui com a tripulação do B. e com o seu hóspede D., um québécois super-simpático (isto é um pleonasmo, eu sei). Durante o jantar falámos de Khayyam - donde as citações acima e abaixo - e chegado a bordo o Youtube propõe-me ouvir Evanthia Reboutsika.

«Au printemps, je vais quelques fois m'asseoir à la lisière d'un champ fleuri.
Lorsqu'une belle jeune fille m'apporte une coupe de vin, je ne pense guère à mon salut.
Si j'avais cette préoccupation, je vaudrais moins qu'un chien.»

Se eu me preocupasse com a minha salvação valeria menos do que um cão, diz Omar num verso que não conhecia. Este verso resume tudo o que há para saber sobre a vida. (O que de resto só prova que eu não sabia nada sobre a vida, até hoje. Até agora, mais precisamente.)

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Três fortíssimas razões para aprender grego: Evanthia Reboutsika, Eleni Karaindros, Cavafy, Angélique Ionatos (às vezes). Talvez fosse conveniente alterar a ordem, mas isso deixo ao cuidado de cada um. Também pode procurar outro nome: Katerina Fontinaki. Deixo essa tarefa para depois. 

Já vais em cinco, pá.

A quantidade de vidas que não vais viver é vertiginosa.

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Tarefa para os próximos três dias: preparar o S. D. para um charter de proprietário. Owner's charter, no original. Há expressões intraduzíveis, mesmo que as palavras existam em português (neste caso. Podia ser francês, espanhol ou inuit, seria a mesma coisa). As palavras têm uma história, uma carga emocional, vêm albardadas como mulas. Charter de proprietário não tem nada a ver com owner's charter, é como comparar um balão daqueles que os miúdos enchem nas festas quando está cheio com outro quando está vazio. Talvez no fundo seja só uma questão de volume. Não, M. M.? Não sei.

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