Talvez se deva tomar conta de uma embarcação como se de uma mulher se tratasse. Talvez. Não é garantido: uma mulher pode, se quiser e souber, tratar de si. Uma embarcação não, apesar de ser igualmente complexa. Talvez «tomar conta» não seja a expressão adequada. Devemos tratar de uma embarcação e acarinhar uma mulher? Sim. Não. Sem carinho um barco não vai a lado nenhum, acaba mais dia menos dia num landfill qualquer, enquanto que uma mulher pode sempre encontrar outro homem. Tanto a mulher como o bote precisam de carinho, mas este não sobrevive sem ele e aquela sim, se quiser. E souber, claro.
Uma embarcação tem mistérios - as baterias, por exemplo. A electrónica. A mareação dos panos, trimmar em linguarejar moderno é uma coisa que releva tanto da magia como da sensibilidade e quem diz sensibilidade diz ternura, não é? É. Ver para lá do que está visível.
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Descubro com espanto que estamos não só em dois mil e vinte e quatro mas também em Março. A minha relação com o tempo é da ordem do incompreensível. Incompreensão mútua: nem ele me compreende, nem eu a ele. Não sei se compreender é o verbo correcto. Talvez «aceitar» seja mais adequado.
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Não prometo responder a todos os comentários, mas prometo que fico grato por todos.