Sinto-me como se houvesse em mim uma porta giratória: por um lado entram as dores, pelo outro saio eu. Regresso eu, saem elas. (Esta é a parte wishful thinking. Não é assim que as coisas se passam. Quem decide é a carcaça, não sou eu...).
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Mal cheguei fui passear por Marigot, Começo por dizer que «passear» é um exagero grosseiro. Arrastei-me por Marigot e confirmei duas coisas: a) gosto infinitamente mais de St. Martin do que da Martinique; b) Se voltar a passar uma época nas Caraíbas será aqui.
O bar tem um spray anti-mosquitos. O velhinho Off. Rousseau era um idiota. A civilização, meu caro Emílio, nunca fez mal a ninguém. Muito antes pelo contrário: só faz bem e nunca há que chegue.
Enjoo de terra. Hei-de navegar duzentos e cinquenta anos e tê-lo-ei como tive a primeira vez que dele me lembro, em Lourenço Marques, a subir as escadas para casa da tia Luísa A. Tive de me agarrar ao corrimão, pareceu-me que ia cair. Hoje de manhã aconteceu-me a mesma coisa e agora volta. Parece uma vingança: no mar não tenho o mais pequeno sintoma de enjoo e mal chego a terra vejo tudo a abanar.
Se um dia tiver de fazer um inventário deste inverno, o tripulante que me saiu na rifa vai para os três primeiros lugares do topo da lista das coisas boas que me aconteceram na vida e não só este Inverno. Vou beber um shot de Mount Gay à saúde do rapaz.
A porra da mesa continua a abanar como se estivesse no mar e a música é horrível, como Sempre em todo o lado.
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Não prometo responder a todos os comentários, mas prometo que fico grato por todos.