Duas noites seguidas como esta e um gajo fica a pensar que não vai conseguir deixar de navegar antes dos cem anos. Lua cheia, força cinco a um largo, o S. D. a voar baixinho à estonteante velocidade de quase oito nós (isto é piada privada para o meu amigo K., a quem dedico o post), St. Kitts pelo través de bombordo toda iluminada, bonita, a fazer esquecer que é a única ilha mortalmente aborrecida de todas as Caraíbas, visibilidade excelente, Saint-Martin a sessenta milhas, um tripulante a quem hoje disse que não sei o que vou fazer quando tiver de navegar sem ele. Antigamente dizia-se que um bom dia de mar vale por dez maus. Uma noite destas - ainda por cima logo à seguir a outra igual - vale por dois séculos de chatices. O bote é bonito, confortável, anda bem (excepto a manobrar: parece um camião com três dos quatro eixos bloqueados) e para os amadores do género é uma óptima recomendação. Eu prefiro coisas mais finas e desportivas, mais sensíveis, por assim dizer, daquelas que estremecem só de olharmos para elas.
(Pergunto-me quantas nódoas negras teria agora, feitos três quartos da viagem, se estivesse no P.)
É verdade que o dia foi chato. Ou melhor, alternadamente chato e sublime. Mas uma noite destas - enfim, duas seguidas - trituram tudo o que possa haver de seca até está ficar irreconhecível. Nada que desague nisto é uma seca. Rigorosamente nada (piada privada para mim).
Nem sequer esta combinação de cirrus estratificados e Lua cheia que me impede de ver as minhas estrelas favoritas: Orion, Gémeos, Sirius - há pouco pareceu-me tê-lo visto de fugida mas desapareceu. Ainda há quem se admire com a minha abstinência total quando no mar.
Só conheço uma coisa capaz de melhorar esta mistura, mas isso fica para depois.
Sem comentários:
Enviar um comentário
Não prometo responder a todos os comentários, mas prometo que fico grato por todos.