3.4.24

Pastel de Chaves, xacúti e outras lembranças

O pastel de Chaves foi-me apresentado por uma senhora que na altura eu tinha como namorada e hoje não tenho de todo, porque ela não me liga nenhuma, apesar de ser muito bonita. Ou talvez por causa disso,  vá lá saber-se. E por ser sábia, isso também é e muito. De maneira mal cheguei a Campanhã corri para o que antigamente era o meu café favorito à frente da estação e pedi uma imperial (um café à frente da estação da Campanhã sabe o que é uma imperial) e - lá está - um pastel de Chaves. Aquela estava óptima, este abominável. Devo desde já afiançar que não foi o horror do pastel que me trouxe a sábia e bonita senhora à memória. Ou melhor, foi, mas por oposição: lembrei-me dos que com ela comi em Vila Real, tão bons. Este era péssimo e voltou para trás a meio. Devo confessar que a culpa é toda desta minha mania de confrontar o que penso ao que é. Faz já alguns anos que este café se transformou numa cervejaria Super Bock (não desfazendo, claro) e a qualidade dos salgados caiu a pique, o que me levou a frequentar o café ao lado. Hoje quis confirmar ou infirmar a minha opinião. Confirmei-a: o café do lado é melhor e vou lá beber um copo de vinho, só para ter a certeza. Pastel de Chaves não como de certeza, por muito bom aspecto que tenham. O K. vai fazer um xacúti e a essa coisa - um xacúti feito por um amigo - deve chegar-se com fome. Hospitalidade moçambicana honra-se.

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