Penso nestes arremessos de «patriotismo» que vai entre aspas porque não sei se é a designação correcta. Mais certeiro seria chamar-lhe «indomável vontade de viver em Portugal apesar da quantidade de vezes que já tentei e não consegui». A primeira coisa que me ocorre é que não vem de hoje. Basta percorrer o DV muito por alto para ver posts sobre o «sedentarismo» e sobre a vontade que tenho de voltar à terra. A cada tentativa as circunstâncias acabaram por vencer, o que me levou a perceber que o meu amor por Portugal não passa de mais um amor não correspondido - como se fossem poucos. A vontade é antiga e o tempo consolida-a em vez de a erodir.
Os portugueses não são só cobardes, indecisos e incapazes de planear seja o que for. Somos gentis, honestos, hospitaleiros, gostamos de ajudar. Portugal não é só ruas sujas e selvagens ao volante, tal como não é só cozido à portuguesa e bifanas do Afonso, as noites de boémia no Bairro Alto ou os dias de vela na baía de Cascais, os amores ou as noites de solidão no Guincho.
O meu patriotismo é irracional. Há amores que o não sejam?
PS - Depois de um magnífico jantar com o núcleo duro dos amigos apercebo-me de que a mistura "patriotismo" precisa desta componente também.
Por muito que se goste de um país, o nosso é insubstituível: é uma mistura de razão e desrazão, de passado, presente e - queira Deus - futuro.
Gostamos do nosso país por causa de tudo o que dele não se vê.
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Não prometo responder a todos os comentários, mas prometo que fico grato por todos.