27.6.24

Diário de Bordos - Palma, Mallorca, Baleares, Espanha, 27-06-2024

Comecemos pelo princípio: afinal a gorja foi porreira. Não bateu recordes, mas está na média. Clientes um, vento contra zero.

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Chego a terra, vou ao correio enviar os postais que me sobravam e à lavandaria. Daí passo pelo Joan, que me recebe com o sorriso e a bonomia de sempre. Diz-me para voltar dali a hora e meia - estava a abrir o estaminé - e venho ao Toni comer umas tapas e beber tinto de verano. As tapas, diz-me a empregada do ano (ou da semana?), continuam a ser feitas pela mãe dele, o que de resto em grande parte explica a minha vinda aqui. A mesma jovem diz-me que o homem está doente, tem um problema no joelho e agora raramente cá vem. Continua a ser um dos meus sítios favoritos em Palma. 

Comi uma tapa de beringelas assadas e outra de boquerones en vinagre. Estas últimas de compra, claro. Boas, mas de compra. O único louco capaz de fazer boquerones em casa sou eu - e devo dizer que nunca mais os comi tão bons desde que substituí o vinagre normal por um balsâmico (e verdadeiro).

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Porém, nada disto é o tema principal deste fim de dia quente (agora está calor, finalmente). Há dois temas que me parecem pertinentes:
a) O calor, o benfazejo calor voltou, finalmente. Sinto-me contudo um bocadinho hipócrita a dizer isto porque vim para o interior do café, aonde há ar condicionado. O pretexto sendo o DV, a calma (a esplanada está cheia) e poder carregar o computador. Contudo, só agora vejo a tomada. Está a menos de meio metro de mim, Faz uma hora que estou aqui. Há dias que me surpreendem;
b) O cansaço. Estou estoirado e pergunto-me se isto vai continuar assim até ao fim dos meus dias ou se vou conseguir fazer uma semana de charter bastante calma - e toda a motor - sem pensar que tenho mais dores musculares do que músculos e alguma coisa está errada na anatomia da carcaça.

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O tinto de verano continua excelente. A ver se o preço subiu. Se não: hallelujah!

Um bom tinto de verano é melhor do que uma cerveja, com este calor. O calor não passa de uma ilusão sensorial - aqui dentro está uma excelente temperatura.

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Mesmo sendo vista até menos de metade da sua altura a praça de Santa Eulália continua linda. Obviamente, ao ouvir isto qualquer céptico pensaria. «a beleza está nos olhos de quem a vê», coisa que eu refuto absoluta e convictamente. Sou um homem objectivo e racional!. (repetir três vezes em caixa alta, sff.)

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Não estou só cansado. Estou febril. Felizmente tenho rum a bordo. Vai varrer esta merda toda.

E podre de sono.

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 Notas adicionais:
a) O preço do tinto de verano no Toni aumentou, mas continua decente: três e vinte a unidade;
b) O Bar Rita continua o refúgio que sempre foi e os seus croquetes de xipirones sublimes;
c) Estou demasiado cansado para imaginar um futuro que se estenda por mais da dez minutos. Ou seja: peço umas hierbas (não há secas. Só mezcladas) e sei que daqui vou ao Claudio comer um gelado. Depois? Passa muito os limites do planeável;
d) Estou com uma dor de cabeça mastodôntica.

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Olho para todas as senhoras presentes no bar Rita, o bar mais local de Palma e daí do Universo. 

Nenhuma delas é excessivamente bonita nem excessivamente feia. Qualquer delas podia ser a minha mulher, se quisesse (ela, claro). A única coisa que têm em comum é parecerem todas inteligentes. 

Isto merece ser aprofundado. Nenhuma delas passaria o patamar da "Woman next door" da Playboy, coisa que não me incomoda particularmente. Já tive mulheres muito mais bonitas do que as da porta ao lado e duvido que apreciasse vê-las nessa revista, que de resto era sublime.

E importante. Um pilar na formação de qualquer adolescente e jovem adulto que se respeite. Ou respeitasse, não sei como está agora.

Voltando ao tema: qualquer destas mulheres, salvo uma ou duas excepções, poderia ser minha namorada. Talvez seja este um novo padrão para avaliação de bares.

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