11.6.24

Vim, vi, vivi

Os equilibristas que andam em cordas bambas por cima de precipícios usam umas grandes varas para os ajudar. Em francês, essas coisas chamam-se balanciers. Não sei o nome em português e agora o Google está fechado, fecha a horas escandalosamente escandalosas. Pouco importa. Essas varas servem para os ajudar a manter o equilíbrio. 

Viver consiste em atravessar muitos e profundos precipícios. Pensar também. Precisamos de balanciers para viver e pensar, duas coisas que estranhamente andam sempre juntas. Por mais que as queiramos separar: viver, pensar e manter o equilíbrio entre elas. 

Isto é: separar viver em dois. Vi e ver. O que vi, o que vejo. O que devo ver. O que vi. Talvez viver seja essa mistura do que vi e do que vejo. Talvez ver seja consequência de viver. Parte de. Talvez o que vi seja parte do que vivi. Metade.

Talvez vi, vivi, viver, ver sejam gomos da grande laranja que a vida é: "meu fruto de morder, todas as horas."

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