«É quando te queixas que és melhor», diz-me S. F. (mais ou menos, cito de memória). Que desafio! Só posso queixar-me ou de ninharias ou de coisas de que não serve de nada queixar-me, como eu, por exemplo. Queixar-me de mim é, de todos os exercícios que pratico, simultaneamente um dos mais antigos e o mais inútil: não mudei significativamente nos últimos cinquenta anos e é pouco provável que tenha mais cinquenta para experimentar-me noutro formato. Por significativamente quero dizer estruturalmente. Há pormenores que mudaram, claro. Algum uso haveria de ter a quantidade de erros, asneiras, disparates que fiz e por vezes ainda faço, verdade seja dita.
Melhorei, sem dúvida. Mas não mudei. Como uma pedra que rola: fica mais redondinha mas mantém a forma.
ADENDA: S. F. esclarece-me qyue não é quando me queixo. É quando estou «em dor». Fica queixo-me, desporto preferido da minha gente.
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Não prometo responder a todos os comentários, mas prometo que fico grato por todos.