A Covid demonstrou à saciedade que as pessoas podem ser estúpidas. Muito estúpidas, mesmo, ao ponto de não saberem o que é bom para elas. Engoliram as tretas mais estapafúrdias - lembram-se da velhinha que foi multada por estar a comer dentro do carro? Ou do polícia a correr atrás de um surfista? Ou das vacinas, meu Deus, as vacinas (anti-Covid. Contra as outras nada a opor)?
Porém, como conciliar isto com aquele princípio base do liberalismo segundo o qual as pessoas devem decidir elas próprias o que querem para si?
Talvez tirando a palavra estupidez da equação e substituí-la por histeria. Que é, como se sabe, uma suspensão temporária da razão.
O problema desta solução é que ninguém nos garante que não haja mais "suspensões temporárias da razão". Como se vê, por exemplo, com os incêndios, as alterações climáticas ou os cachorros ao colo dos donos.
Claro que um outro princípio básico de qualquer liberalismo é que as pessoas têm o inquebrável direito de se enganarem. Como a Suíça amplamente demonstra, é preferível ser o povo a escolher colectivamente um erro a deixar as decisões àquele grupo de suspensores quadrienais da razão que são os políticos nas democracias representativas. Apesar de tudo, as pessoas enganam-se menos e menos vezes.
O que não impediu os suíços de engolirem as tretas covidianas ou, há quarenta anos, a obrigatoriedade dos seguros de saúde, decisão que agora pagam muito caro.
Isto é um labirinto e quem pensar que é uma longa e límpida linha recta engana-se.
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