Genebra é uma cidade oblíqua. "É uma cidade pequena que tem as vantagens de uma grande e não tem as desvantagens de uma pequena", dizia o meu amigo J.-L. de P. É verdade. A oferta cultural é gigantesca mas posso fazer quase tudo sem usar os transportes públicos. Ou seja: a pé, que ainda não tenho cá uma bicicleta. Os quais transportes públicos funcionam de tal maneira bem que me fazem acreditar na possibilidade de utopias: autocarros pontuais e frequentes, mudanças de linhas sincronizadas, veículos em bom estado - o que aliado à ausência de buracos nas ruas proporciona viagens confortáveis. A título de curiosidade: um dos pontos a votos no dia vinte e quatro é tirar ao governo do cantão a fixação de tarifas e dar aos TPG (Transports Publics Genevois) mais autonomia nessa área. A esquerda opõe-se, será preciso dizê-lo? Diz que os preços vão subir. A direita e os TPG contrapõem que sim, provavelmente, mas que serão criadas muito mais ofertas de preços reduzidos. A discussão é patética. Em PPP os bilhetes custam muito menos do que em Lisboa. E se na equação incluirmos a qualidade aquilo fica a milhas do serviço da Carris, do Metro e do resto. A perder de vista. De fazer-nos pensar que estamos noutro planeta.
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Ainda não estudei todos os "objectos" de voto (aspas porque cito) mas passo quotidianamente pelas fileiras de cartazes pró e contra os diversos temas e a minha convicção de que isto é o melhor sistema político do mundo sai reforçada a cada passo.
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Isto dito: as utopias positivas existem, mas eu estou impaciente de voltar para a minha distopia nacional. E ainda há quem pense que o homem é um animal racional. (Homem devia levar caixa alta.)
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Esplêndido jantar: goulasch e costeleta de vaca com molho de pimenta maison. Desta vez não juntei natas ao goulash e ficou muito melhor. A excelência das carnes ajudou, claro. É carne que a S. traz da montanha, de pequenos produtores locais e é indescritível de boa. Melhor sô a que comia na saudosa hamburgueria do H. F. e do A. G., à rua de Sta. Catarina, no Porto. A maravilhónica "gestão" da "pandemia" deu cabo dela. Quem pegasse num bocado de carne de merda (ou só de merda) e a esfregasse nas fuças de certo políticos (e não só, mas isso é tema mais vasto) iria direitinho para o céu dos "activistas".
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Durante o jantar vi as minhas fotografias (os postais da caixa De Passagem) dissecadas, analisadas e elogiadas por um espírito crítico e conhecedor. Um bocadinho de graxa no ego também é ingrediente essencial de uma boa refeição entre amigos.
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Hoje é dia de caldo verde com a família, para fechar a maratona gastronómica.
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A minha relação com Genebra mantém-se como sempre foi: gosto tanto de cá chegar como de me ir embora.
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Não prometo responder a todos os comentários, mas prometo que fico grato por todos.