Só a quem tenho mesmo de dizer digo que me vou embora do P. Não é fácil, quando ainda por cima tenho de mentir sobre as razões. Ou semi-mentir, pelo menos. Hoje foi à R., a melhor shipchandler com quem me foi dado trabalhar. Há quem trabalhe numa dessas lojas como se trabalhasse numa loja de roupas ou de chupa-chupas. Um shipchandler é outra coisa. Em português diz-se loja de aprestos marítimos, expressão essa que não exprime nem metade do que a outra, a inglesa, a original expressa. É a componente ship, - barco, navio, embarcação, lancha, iate, paquete, graneleiro, vaso de guerra, cimenteiro, petroleiro, arrastão, cargueiro... Ship é um universo, um planeta, uma vida, um meio de transporte, uma aproximação ao infinito. Marítimo é tudo isso, mas menos.
Um bom shipchandler está para um marinheiro como um bom padre para um católico, suponho. R. é isso e muito mais. Agora trabalha num rigger - um dos melhores de Palma, como se houvesse acasos - e ela, que já foi marinheiro (o masculino é propositado) continua a saber o que um marinheiro é e aquilo de que precisa. Longa vida à R., três hips e um hooray a todos os que trocaram o mar pela terra e não deixaram o mar.
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Almoço no Sabores Criollos: cerveja Aguila, arepa de carne, rum Viejo de Caldas. Ninguém me pode acusar de não me despedir como deve ser.
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Chego a bordo e oiço os Cânticos da Liturgia Eslava pelos monges de Chevetogne. Quando se está no céu convém não descer muito depressa.
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Não prometo responder a todos os comentários, mas prometo que fico grato por todos.