24.12.24

Tão leve

Tenho uma tonelada de cobertores em cima de mim e mesmo assim a noite entra-me pela pele adentro e dá-me vontade de me mudar para outra noite, uma noite da qual tu faças parte, uma noite na qual tu estejas e me protejas da noite sem precisar de uma tonelada de cobertores dispostos em camadas geológicas, cronológicas, a começar na manta de retalhos da avó e a acabar no cobertor mais recente de todos, tão recente que não sei sequer de onde vem. Tu és a única noite que merece ser vivida, dormida, pesada e lembrada um dia quando do peso nada restar senão esta memória que agora me percorre a pele e nela me pesa, como se aqui estivesses.

Não estás e de peso só tenho os cobertores e a memória de ti, tão leve.

Sem comentários:

Enviar um comentário

Não prometo responder a todos os comentários, mas prometo que fico grato por todos.