19.1.25

Diário de Bordos - Lisboa, 19-01-2025

A tarde foi passada a encaixotar livros e a reclamar contra esta porcaria desta língua que me obriga a dizer encaixotar em vez de encaixar. Estive a pôr livros em caixas, bolas, não em caixotes. São muitos livros e penso que são como as bebidas: muitos sim, demasiados não. E como os amores, já agora. Estes com a vantagem de estarem mais ou menos no passado. "Dantes tinha quatro membros flexíveis e um rígido. Hoje tenho quatro rígidos e um flexível", lembram-se?

Ainda sou do tempo em que se sabia ver a diferença entre muito e demais. E entre membros e membros. E entre ser feliz e estar feliz. E entre tudo e coisa nenhuma.

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Mais uma noitada soberba no Retro Wine Lounge, depois de um jantar soberbo n'A Colina.

É como estar enterrado até à cintura no pântano mais bonito do mundo. A arte consiste em  olhar para cima e esquecer o que está em baixo. E recordar que tudo o que está em baixo sobe e em cima desce.

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Esta tarde passaram-me pelas mãos centenas de livros. Uns não sabia que tinha, outros quero reler e o resto ler. Parece uma história de amor, não é? Não. 

É.

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Para além da história das flexibilidades, envelhecer consiste em fazer cada vez menos erros mas estes serem cada vez mais caros.

Preferia os erros da juventude. Não só porque eram mais baratos, nas também porque eram mais divertidos.

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