15.1.25

Diário de Bordos - Porto, Portugal, 15-01-2025

O Porto, toda a gente sabe - e quem não devia saber - é sinónimo de almoço n'O Buraco, jantar no Solar do Moinho de Vento e copo pré ou pós-prandial no Candelabro. Hoje (isto é, ontem) a romaria respeitou o trajecto à linha. Até na inclusão do Pipa Velha para o LBV pós-favada num Moinho de Vento desoladoramente quase vazio (desoladoramente é uma semi-ironia. O serviço foi ainda melhor do que o do costume). E teve bónus: livrarias Flâneur, Rosebud (John Steinbeck's Cannery Row, dois euros. What else?), Térmite e a companhia da C. R. - interrompida subitamente por motivos veterinários mas agradável como sempre.

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Percorro o Porto de bicicleta e penso que a CML, quando receber queixas de ciclistas sobre a pavimentação das ruas da cidade, devia mandar os queixosos pedalar um dia no Porto. Regressariam a Lisboa e dariam graças. Lembram-se daquela anedota do gajo que vai ao sábio queixar-se de que a casa aonde vive é demasiado pequena? O sábio responde-lhe que precisa de meter uma cabra em casa (assumindo que a que lá está não o é), depois um porco, depois uma ovelha e por aí fora. Quando o homem está à beira da explosão, diz-lhe para pôr os animais todos na rua e pergunta-lhe o que pensa da casa. «É óptima», responde. «Enorme.»

Passar-se-ia o mesmo com as ruas da ex-capital do Império depois de uma visita à actual capital do Norte.

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Quinta-feira repetirei a dose, desta vez com um duplo bónus-companhia: almoço com o A. G. e jantar com a C. P. e o D.P.F. Uma cidade é feita de gente, lembram-se? (Penso que não. Ninguém liga peva ao que eu digo.)

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Tão pouco dormirei no meu bem-amado hotel San Marino. É uma pequena traição, uma infidelidade sem consequências, um desvario provocado por uma crise súbita de Razão. Acontece a qualquer um. Vim dormir a um airBnb, por sinal bastante razoável e já reservei a noite de quinta.

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Pequena reflexão causada pela espuma dos dias: se a solidão é um pecado mortal (CPC dixit) a quem o devemos confessar?

Provavelmente à escrita. Não, C.?

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ADENDA 

Notas soltas:
1 - Os automobilistas do Porto são como os de Lisboa. Buzinam muito. Como os baboons do Cabo, guincham que se fartam. Devo contudo sublinhar, agradado, que nenhum me dirigiu o seu protesto. Aquilo passa-se entre eles - contrariamente aos mencionados macacos, de resto, que reclamam contra tudo e todos.

2 - A minha bicicleta não se adapta bem ao Porto: é uma bicicleta de cidade. (Da série inglesa "In praise of older jokes an other demons".)

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