Naquela noite era questão de florestas, de palavras, de estar perdido e de nelas procurar refúgio. Nelas florestas ou nelas palavras? Estar perdido é isso, não saber aonde se refugiar, se na noite se na luminosa claridade de um ecrã todo branco. Termos como tristeza, melancolia, depressão são refúgios fáceis mas frágeis. Ao menor sopro esvaem-se em memórias. Transformam-se, por assim dizer e deixam-te de novo nu. Seria preciso uma muralha de palavras, com ameias, arqueiros, flechas, um fosso cheio de água à volta. Sabias que a função dos fossos cheios de água era impedir os assaltantes de penetrar no castelo por meio de túneis? Ou seja: por meio de palavras subterrâneas? Nem rastejantes, sequer. Só as aéreas te servem, as leves, voadoras, palavras que vêem longe porque altas vivem, como a Lua do outro.
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Não prometo responder a todos os comentários, mas prometo que fico grato por todos.