4.2.25

Reclamação contra a não-renovação da carteira profissional de Elisabete Tavares

Exmos. Senhores,
Enquanto consumidor de notícias, cabe-me escolher quem mas fornece. Os corporativismos - de que reconhecidamente a nossa sociedade é prenhe - não têm muito que os recomende. Essa insuficiência é em condições normais pouco visível. Todos nos habituámos a conviver com ordens disto e daquilo e foi preciso uma Covid para que a nocividade da ordem dos Médicos (para citar um exemplo) tenha vindo à luz do dia.

A CCPJ - um organismo de que até há bem pouco tempo eu desconhecia a existência - veio agora provar que a autoridade moral das ordens para definir quem pode e quem não pode fazer parte delas é reduzida. Nula, por assim dizer. Inexistente. Com que autoridade recusam V. Exas a Elisabete Tavares a «carteira» profissional? Não me refiro à autoridade legal. Provavelmente tê-la-ão mas sim à já mencionada autoridade moral. 

Que a sociedade portuguesa está meio putrefacta é um facto ilustrado pelo, entre muitos outros exemplos, estado lamentável a que a nossa comunicação social chegou. Com, apercebemo-nos agora, a cumplicidade activa de corpos sociais como a CCPJ, que expele uma das melhores jornalistas portuguesas por... porquê? Bem, por ser uma das melhores jornalistas portuguesas.

A CCPJ tem todos os direitos - morais, legais, sociais - de ser o coio dos medíocres «jornalistas» nacionais. Não tem, contudo, o de definir quem é e quem não é jornalista. Esse cabe aos consumidores de notícias e não a vis, reles, torpes funcionários de associações corporativas cuja herança todos sabemos de onde vem - e que ao fim de cinquenta anos já devia ter acabado.

Luís Serpa
(Leitor e subscritor do Página Um)

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