Há quem pense que nós, marinheiros, tememos tempestades, capitães malucos, donos (ou armadores) incompetentes, mastros a cair e baleias a dormir. Nada disso, A pior maldição que pode cair sobre um marinheiro chama-se «à espera de peças». É dessa praga que sou agora vítima. À espera de uma peça que demora, neste tempo de globalização e o caraças duas semanas a chegar. Se não for mais.
........
Philispburg só não é a cidade mais feia do mundo por duas razões: a) esse lugar pertence indelevelmente a Colón, no Panamá e b) porque tem este incomparável mar das Caraíbas a espreitar a cada esquina. Literal, não metaforicamente: a Front Street (uma das três ruas que a cidade tem no sentido Lest - Oeste - uma das outras é a Back Street) é mais ou menos regularmente cortada por ruas ou passagens ou travessas ou como lhes queiram chamar pelas quais se pode entrever o mar, este azul que é uma dissonância cognitiva: como é que uma cidade tão feia tem relâmpagos de tal beleza?
Ainda por cima, hoje estavam dois navios de cruzeiro no porto, o que torna o sítio ainda mais feio.
........
É happy hour e o Lagoonies está cheio a abarrotar. Franceses, ingleses, americanos, stews, cães, marinheiros, funcionários das diversas empresas que prestam serviço à náutica de recreio, mais marinheiros - facilmente reconhecíveis, gentleman sailors que esperam a largada do ARC Europe.
E eu. Que só tenho aqueles versos na mente: I know them. / I am one of them. Bem sei que são de e para Bequia, mas podem decalcar-se para aqui.
(cont.)
Sem comentários:
Enviar um comentário
Não prometo responder a todos os comentários, mas prometo que fico grato por todos.