13.4.25

Diário de Bordos - Maho, Sint Maarten, Antilhas Holandesas, 12-04-2025 / II

O problema em Sint Maarten (e em St.-Martin, mas menos) parece um bocado estranho: há quarenta mil razões para se gostar desta ilha e outras tantas para a detestar. O pior é que quando se começa a listar umas e outras apercebemo-nos de que são as mesmas. No fundo, St.-Martin (ou Sint Maarten) são a vida, que ora se detesta ora se ama - sendo ela a mesma, claro. O que muda somos nós. Ou o momento em nós. Ou o momento. Ou tudo isto junto e misturado.

Ele é o trânsito, o ruído, a banalidade, a classe e a falta dela, a beleza mais extrema e a fealdade idem, a qualidade e o horror, mulheres lindas e mulheres vulgares tudo ao mesmo tempo, em questão de micro-segundos salta-se de um pólo ao outro - de quê? Da vida, claro.

.........
A tripulante mudou de ideias, foi sair com amigas da idade dela e eu fiz o mesmo (mudar de ideias): vim comer ao Spices of India, um restaurante que o Google me diz ser muito bom. É. Não comia assim desde o saudoso Indy, em Nairobi, nairobbery para os amigos, que também era num centro comercial. Não me lembro das sobremesas do Indy - nessa altura não comia doces - mas agora como um gelado de pistachio e açafrão, depois do caril "especial da casa" de cabrito e de um dos melhores plain naan que já me passaram pelo estreito (em Lisboa há um igual, já não me lembro aonde). Agora vou beber um ponche kuba (não perguntem, é a primeira vez) e aposto que saio desta casa a adorar cada minuto que aqui na olha passo, tanto quanto há uma hora os detestava.

Escrevo isto e apercebo-me de que a simetria não é perfeita. São mais uns do que os outros.

A vida é assimétrica. 

Sem comentários:

Enviar um comentário

Não prometo responder a todos os comentários, mas prometo que fico grato por todos.