26.4.25

Diário de Bordos - Marigot, Saint-Martin, Antilhas Francesas, 26-04-2025

Afinal ontem acabámos por não conseguir passar a ponte - eu pensava que a abertura seria às cinco da tarde e não foi, foi às três e meia - pelo que voltámos para Port Royal, aonde me pus de braço dado com o C. II. Jantámos a bordo - o W. fez uma massa deliciosa, como de resto é tudo o que ele cozinha - e de tão boa que estava ocorreu-me que vamos mas é ficar deste lado. É mais barato - não se paga marina - e mais civilizado. O problema sendo que também ficamos sem água e sem electricidade, mas com isso posso eu bem (apesar de a falta do indicador de nível do tanque de água se fazer sentir vivamente).

........
Fazer o antifouling em Marigot permitiu-me poupar mais de quatrocentos euros ao armador, aos quais acrescem os quase setecentos da marina. Uma vez trabalhei para uma empresa na Martinique aonde era conhecido por «o skipper económico». É verdade. Um barco é um poço aberto no mar que se tenta desesperadamente tapar com dinheiro. Como não se pode diminuir o tamanho do buraco - há por aí algures um tipo com uma retroescavadora que não pára de o aprofundar - a solução é deitar menos dinheiro lá para dentro. Isto sem prejudicar a qualidade do que se faz. É deste equilíbrio que gosto. Ou será antes desequilíbrio?

.........
Não pára de chover e tenho a impressão de que nada está feito nesta merda deste bote. E quanto mais chove mais merda aparece para fazer. Estou furioso comigo e resolvi viar ao pub que mais detesto em Cole Bay com o objectivo legítimo e louvável de poder transferir parte dessa fúria para o mundo exterior. Comprei um maço de cigarros e a empregada ou dona ou lá o que é resolveu pôr-se de perfil para mim enquanto fala com outros clientes. Isso não vale, mulher. É jogo sujo.

.........
Há não sei quanto tempo que não ponho as gotas nos olhos. A sacana da carcaça não gosta de concorrência.

Sem comentários:

Enviar um comentário

Não prometo responder a todos os comentários, mas prometo que fico grato por todos.