O começo não foi lá muito auspicioso. Fui ao Cadisco meter água, o que no MADRIGAL VI representa hora e meia de convivência com bêbados e uma luta contra a minha intolerância para a espécie. Hora e meia para meter seiscentos litros de água é um exagero, qualquer que seja o critério ou o ambiente. Depois regressámos ao lugar, comi qualquer coisa - qualquer coisa feita pelo W. é «qualquer coisa» - e fui à D's Beach. A praia é porreira e não muito longe, mas a música estraga tudo. Felizmente esqueci-me da carteira dos euros e dos carttões e só tinha dólares para dois Painkillers que são, devo dizê-lo, os melhores que até hoje bebi nesta ilha. Dois cocktails dão direito a dois mergulhos, na minha contabilidade. Voltei a bordo buscar a supra-mencionada carteira e vim para a Anse Marcel. É a praia mais bonita da ilha, sobretudo para quem não gosta muito de praia: o bar é porreiro, a música má mas baixinha, a paisagem bonita e o Dark'n Stormy relativamente próximo do original. A ideia era relaxar, esquecer-me da merda do bote e escrever meia dúzia de disparates. Neste ponto falhei mas nos outros consegui. Uma coisa é escrever e outra descrever.
O dia cai, o café fecha, a luz alaranja-se e o verde do monte à minha frente torna-se mais denso. O vento rondou ligeiramente - sei porque olho para o cata igual ao meu que está ali fundeado. Só me resta desligar o computador, pagar e pensar na sorte que tenho. Podia ser pior. Muito pior. E melhor? Talvez. De certeza. Não sei. Sendo rico, por exemplo. Mas eu tenho as vantagens da riqueza sem as respectivas desvantagens - tal como, de resto, com a pobreza: oscilo entre uma e outra sabendo que as duas são irreais, passageiras.
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