O Lagoonies continua a ser o Lagoonies mas deixou de o ser a partir das seis da tarde. A culpa é dos músicos que lá actuam, maltratam canções de que gosto e fazem-no demasiado alto. Como se isso não fosse suficiente, cada vez que lá tento escrever há alguém que conheço e a quem não posso decentemente dizer que não me sento com ele. Resultado: Lagoonies sim e sempre, mas à tarde ou de manhã quando não há ninguém.
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O contrato para o próximo trabalho chegou, finalmente. Ainda não o abri, sequer. Amanhã também é dia.
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A tripulação foi para o carnaval de Philipsburg. Gosto de os ver assim, juntos e a divertirem-se como deve ser para a idade que têm.
E gosto ainda mais destes momentos de solidão (refugiei-me no bar do Centr'Hôtel a beber um stormy monday que é uma pálida sombra do verdadeiro mas que pelo menos tem a vantagem de não me fazer sentir roubado).
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Ontem perdi um dia inteiro com cenas de dinghy e de lavandaria. Desabafo com J.: «Tudo o que quero é um dia normal". Resposta: «Luís, há quantos anos navegas? Não há dias normais.»
É verdade. A vida nestes países parece um filme em câmara lenta, uma sequência de Buster Keaton ao ralenti
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Cortei as unhas dos pés. Parece-me importante mencionar isto porque para o ano vai de certeza ser preciso cortá-las outra vez e quero saber em que mês isso aconteceu. É um desporto violento - o mais violento de todos os que pratico (enfim, é o único) - e eu sou um rapazinho calmo e nada dado a práticas que puxem demasiado pelo físico.
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Os grandes projectos no MADRIGAL VI acabaram. A partir de agora vai ser só pequenas merdices (não conto com o dessalinizador. Já me fiz à ideia de que não o utilizarei e de que se o fizer será rodeado de mil precauções. Não quero fazer dos tanques de água doce tanques de lastro. Isto contando, claro, que a escotilha que provocou este atraso todo chega na segunda-feira. Ah, e há também o problema do Iridium a resolver.
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Há pessoas que pagam para passar férias em St.-Martin. Eu sou pago para trabalhar aqui. E ainda há quem se admire por eu não gostar de fazer turismo.
(Isto dito, se me apanho no mar a caminho dos Açores nem acredito.)
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Não prometo responder a todos os comentários, mas prometo que fico grato por todos.