A bise caiu, o crepúsculo vai longo, o lago anoitece lentamente. Tudo é lento neste país. O quadro é inexcedível de bonito: uma propriedade na margem sul a apontar directamente para Oeste. O Sol ainda está por cima do Jura. Em breve os seus cumes recortar-se-ão contra o céu cada vez menos azul e mais violeta. Tudo isto encharcado em calma, em tempo, em devagar. Em saber. A conversa flui, o jantar é excelente - o anfitrião cozinha bem, a S. já me tinha prevenido - o Sol desce, as nuvens estão imóveis. Amanhã não haverá vento.
- Amanhã serei quem sou hoje?
- Não sei.
- Não sabes?
- Não. Nada sabemos de nós senão a posteriori. O presente só serve para nos enganar e o passado para nos dar um pouco de esperança: piores do que já fomos não seremos.
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Não prometo responder a todos os comentários, mas prometo que fico grato por todos.