6.12.25

Diário de Bordos - Fort-de-France, Martinique, DOM-TOM França

Não sei por onde começar, portanto começo pelo fim. É quase uma da manhã. Estou no Marin, a esperar que o Diego e o Fernando acabem de preparar um jantar, a olhar para a marina - não há um pingo de vento e as luzes da metade superior da paisagem reflectem-se na àgua, como se o universo fosse simétrico, coisa que não é de todo. À chegada tínhamos os bombeiros, que levaram a Nigist para o hospital. A seguir, o Kokoarum já tinha a cozinha fechada.  Depois,  apareceram oito PAF (o equivalente

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06-12-2025

Adormeci com o telefone na mão. Ainda bem: o fim estava muito longe. Ainda não chegou, sequer, se bem o último acto esteja a meio. Estou no terminal de ferries de Fort-de-France para mudar os bilhetes da Nigist e do Nehemiah de terça-feira para amanhã. 

Como dizem futebolistas e pornógrafos, passe o pleonasmo, só conta quando está lá dentro. Neste caso, quando estiverem primeiro dentro do ferry que os levará a St. Lucia e depois dentro da casa que ali alugaram e aonde já estão a Mihret e o Amanuel. Só então poderei respirar fundo e encomendar a piscina de rum em que me quero diluir, lenta e metodicamente.

Só depois, também, poderei contar a história destas duas últimas semanas. 

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A distância entre Le Marin e Fort-de-France é de trinta e três quilómetros. Em condições normais o trajecto faz-se em duas horas, mais ou menos meia hora. Quando não há engarrafamento, leva-se três quartos de hora, uma hora. Às vezes acontece. É um trajecto apaixonante. Os limites de velocidade mudam de quinhentos em quinhentos metros. Setenta, cinquenta, oitenta, noventa, setenta, cinquenta o mais das vezes sem uma razão perceptível. Acoplado a meia dúzia de radares, este método faz milagres. Não para a segurança, claro, mas para as finanças das comunes que a estrada atravessa (ou quem quer que seja que recebe o guito das multas).

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O bilhete está mudado. Embarcam amanhã. 


(Cont.)

1 comentário:

Não prometo responder a todos os comentários, mas prometo que fico grato por todos.