19.6.04

Vida urbana

Cinema, outra vez - O Milagre segundo Salomé. Como dizer? Para filme português não está mau - mas não vale a pena sair de casa de propósito. Devia acontecer a este filme o que aconteceu, a dada altura, aos filmes franceses: os americanos apoderaram-se deles, e fizeram remakes - perdão, filmes decentes. Mas está melhor: os actores já não falam como se estivessem no teatro, e por momentos, por breves instantes, temos a impressão que existe uma direcção de actores; o argumento tem uma ou duas falhas - uma das quais maior. Enfim, vê-se.

Volto a pé para casa, como ontem. Páro no "Pançudo das Bifanas", uma roulotte no fim da D. Carlos I, conselho simpático do chauffeur de táxi da ida. A bifana é boa; contudo, apercebo-me que devia ter pedido uma "especial".

Para casa. A bifana só atordoou o bicho, não o matou. Uma sopa de feijão, espessa, no Porão de Santos resolve o assunto - e o sorriso e as maminhas da empregada (pequenas, mas tão perfeitas, tão sólidas debaixo da t-shirt, tão a caminho da Lua) despertam outros.

Para casa. Um pouco para lá da Kapital um bando de adolescentes discute qual ecstasy comprar; um carro da Polícia está parado à frente do Saloio; os polícias, totalmente indiferentes aos carros que atravancam os passeios, fazem bicha. A roulotte "Paribebe" tem gente, mas a "Expresso Brasileiro" está vazia. Inúmeras pequenas bonitas na rua. As portuguesas estão cada vez mais bonitas, e mais bem vestidas - se bem que no verão apeteça dizer "mais bem despidas".

Para casa. O porteiro da Poncha já me conhece e diz-me "boa noite" sorridente.

Não volto para casa.

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