30.7.06

Neologismos

Para quando, a expressão "blog job"?

Para ontem, revela um Google rápido.

Inominável, again

O Maire, assumidamente homossexual, de Paris proibiu o bikini "fio dental" e o Topless nas "praias" do Sena (para quem não sabe, praias artificiais nas margens do Sena, dentro de Paris).

Pessoalmente, acho que o fio dental é uma abjecção estética, e que o topless devia ser obrigatório em alguns casos e multado noutros (podia mesmo imaginar-se um sistema de redistribuição de riqueza em que os montantes das multas de umas revertiam a favor das outras, em acção de graças).

Mas daí a proibi-los?

Breve divagação sobre a palavra "Inominável", o Público de hoje e outros temas

Num blog de que gosto muito, às vezes, a autora fala a certa altura de uma "inominável rebaldaria". Gosto dessa associação, que aliás me ficou no goto, de duas palavras bonitas. Inominável tem frequentemente, mas não devia ter, uma conotação negativa (já tive namoradas, por exemplo, de inominável beleza). Per si a rebaldaria è uma coisa boa, quase sempre - e tanto pode ser inominável de boa como inominável de má.

Agora inominável, inominável, inominável, sempre e sem excepção inominavelmente mau é a merda de um "cartoonista" (hesito em utilizar este termo, que é nobre e descreve uma nobre actividade) que aparece no Público chamado Vasco. Aquilo sim, é uma inominável merda, é uma merda indescrítível, é uma inadjectivável merda.

No mesmo Público de hoje, e na página seguinte à do impermeável "cartoonista", um artigo do provedor - figura essa de que ainda estou para perceber a utilidade - sobre os erros de ortografia dos jornalistas. Afinal o senhor serve para alguma coisa - quanto mais não seja, confirmar aquilo que já sabíamos...

Dia não - dia sim...

Hoje não tomei banho, não fiz a barba, não andei a pé, não subi pelas escadas, não comecei a trabalhar mal cheguei ao escritório.

25.7.06

Pérolas à deriva

Derivo pela blogosfera e encontro pérolas destas: "Com a queda de Sadam e a consequente instalação da anarquia no Iraque. Era tão melhor, a ordem do Saddam! Que pena foi aqueles facínoras terem acabado com ela.

Já agora, se não se importam, continuo: é bom demais. O território de Israel, por mais que os defensores da causa se esforcem por tentar demonstrar o contrário, não estava a correr perigo sério e actual. Algumas populações vivem sob medo e tensão, seja por causa do terrorismo intermitente, seja por causa da proximidade a fronteiras hostis. Mas o território, a sua integridade, não estavam a ser ameaçados, até porque, neste momento, nenhum país vizinho tem capacidade para entrar em guerra com Israel, nem tão pouco Hamas e Hezzbollah têm arte ou engenho para ameaçar de modo sério a sua integridade territorial. (O post é o mesmo, dispensa link).

Invadir um país só porque meia dúzia de pessoas andava a levar com rockets na cabeça todos os dias! Credo, onde é que já se viu tamanha irresponsabilidade?

23.7.06





Tall ships race

Monólogo múltiplo

Só para ter a certeza, sabe?, começo com uma cerveja. Passei a noite toda a whisky, e não há bebida que se lhe siga. Pois, grape or grain, but never the twain - em português diz-se "não se deve misturar uvas com cereais". A rapariga ao meu lado tem os braços cobertos de pelos, grande e pretos. Imagino como terá o bico das mamas, coitada. Uma vez tive uma namorada com pelos nas mamas, mas nunca me habituei e à segunda ou terceira vez fui-me embora. Já noutros sítios gosto de pelos, muitos e lautos. Paradoxos. Ela tem-nos assim porque quer, sejamos directos e frontais - tanto mais que não me tiram a vontade de ser frontal, contra ela. Imagine-a sem os pelos nos braços: fica bonita, sensual, com uma cabeleira farta, densa, e uns olhos que cospem desejo como um adolescente num concurso de bisgas. Será que vai ao Hot? O namorado martela mecanicamente a sapateira enquanto ela fala e o come com os olhos, e fala, e fala. Ele vai acedendo a tudo o que ela diz com pequenso gestos da cabeça, sem parar de mastigar. Ela não se deixa impressionar: o fio do discurso nunca se rompe. Tem uma voz fina, alta, inesperadamente elegante nums braços tão peludos.

Ah, reparou? Ela tem uma aliança, ele não. A minha cerveja vai-se esvaziando ao ritmo das marteladas dele. No Hot Club poderia namorar com todas (enfim, quase todas) as raparigas que lá estavam (o inverso não é verdade, mas isso é irrelevante). Aqui não: não namoraria com nenhuma, excepto talvez a vizinha depois de uma visita ao depilador. O que é injusto, reconheço: no que toca a pelos não me posso queixar.

Parece que mudámos de um planeta para outro, não é? "Beam me up, Scotty" - ou Johnny, mais apropriado. Não acredito na metempsicose, excepto quando fazia amor com uma ou duas pequenas que conheci, repare, ou contigo, mesmo, e tu chamavas por mim como se fosse para te tirar de um abismo, mas agora há que abrir uma excepção, porque "há quanto tempo não gritas por mim?" Há quanto tempo não te vejo a cor dos olhos, o dourado do cabelo, o liso do ventre, o perfeito das coxas? Há quanto tempo? Perdoar-me-ás que olhe para uma miuda quase gira, que olha para o amante como tu olhavas para mim. A verdade é que penso em ti com todos os poros do meu corpo, com todas as sinapses do meu cérebro. A rapariga tem indubitavelmente um sorriso bonito - o sorriso do desejo é sempre bonito, todos os sorrisos são bonitos, mas fuma e tem pelos pretos e grandes nos braços. Será que fuma na cama? Quem é que dizia "há três coisas boas na vida, um whisky antes e um cigarro depois?" Acho que foi a Marilyn, mas não tenho a certeza.

Ele não vê, mas ela acaricia-se as pernas por baixo da mesa enquanto ele fala (a sapateira acabou, agora é a vez dele falar). Ela acaricia-se as pernas, lentamente, e pousa os seios na mesa, percorre a cana do nariz com as pontas dos dedos, e ele fala. Mas ela não desiste. Deixou de acariciar as pernas, porque ele não podia ver, e agora acaricia os braços, as costas, põe as mãos por dentro do vestido. Sorri e diz que sim. Ele, finalmente, pára de falar por um bocadinho e dá-lhe a mão.

Traga-me outra cerveja, por favor.

Hot Club

O Hot Club está cheio - de gente, de mulheres bonitas, de música, de "estar tudo na mesma" - até o Rui Neves lá estava, no lugar ao balcão que me apetece pensar ser onde o vi pela última vez há trinta anos. Não é verdade, claro, mas para o caso é irrelevante.

É forçoso, e objectivo, reconhecer que as mulheres do Hot Club são mais bonitas do que, por exemplo, as do Pavilhão Chinês, dos KKKKK todos, do Frágil (o que não é difícil), ou do Lux (apesar de nunca lá ter entrado). A razão é simpples: é que essas mulheres, as que não vêm ao Hot Club, são demasiado artificiais ou demasiado "naturais", demasidao bonitas ou demasiado feias, demasiado gordas ou demasiado magras. As do Hot não: são bonitas sem ter cara de quem saiu da passerelle há dois minutos, vestem-se normalmente, e só são sofisticadas "por dentro", whatever that is. Mesmo as namoradas dos músicos têm um ar normal, de "girl next door", como dizia a Playboy. Ao contrário dessas Courtney Love de pacotilha que por aí pululam.

Já aqui falei, creio, do Dr. Jazz, em Düsseldorf. Era diferente do Hot: para começar, era um clube de jazz, não um jazz club. Não sei se me faço entender, pero poco importa. Tinha umas escadas, também, onde eu costumava sentar-me com a minha namorada, uma alemã muito magrinha e muito bonita que falava seis ou sete línguas e urrava em todas quando fazíamos amor. Não me lembro do nome dela: era um desses nomes de deusa teutónica que só fazia sentido depois de a termos conhecido na cama. O casal que está agora sentado nas escadas do Hot trouxe-ma à memória.

As mulheres do Hot são as melhores.

Diálogos extensos, mas possíveis

- Jantamos? - disparei a pergunta à queima-roupa, subitamente, sem ter sequer tido tempo de a elaborar interiormente. Eu acabara de a conhecer, não trocara mais de meia dúzia de frases com ela, e todas de circunstância.
- Não. O mano faz 25 anos, e isso festeja-se.
- Festeja-se? Porquê?
- Sei lá. Porque é metade de 50, talvez. - Eu tinha 50 anos, ou muito perto, e ela pouco mais de 30. Não gosto de mulheres muito mais novas do que eu, sobretudo porque não sabem dar respostas destas. Esta não o era, visivelmente.
- Enganei-me - retorqui. - Devia ter utilizado o verbo na sua forma reflexa: jantamo-nos?
- Hoje não. Amanhã talvez.
- Quem é que telefona ao outro?
- Você é homem, não é?
- E você não liga a essas coisas, pois não?
- Com pessoas de 50 anos ligo.

Rupturas

Ambos saímos de uma relação difícil, é verdade; e ambos procuramos outra, mais fácil, menos tormentosa - e, sobretudo, com outras personagens...

Mas tu tens, reconhece, a vantagem da deriva: vais, quase a pedido, para onde queres, nas margens desse rio que escolheste e tantas tem, tão diferentes. Eu não. Não consigo deixar de nadar, contra ou a favor da corrente, pouca importa agora. Quando derivar, será para o fundo.

Foi para o fundo.

21.7.06

Serviço Público - Pubs

Para além de boa música (ao vivo e ao morto), de um bom serviço (leia-se, empregadas bonitas) e de um bom ambiente, seja lá o que isso for, o pub O'Luain's, em Cascais, faz excelentes sandes de frango.

Sem literatura

Sem literatura? Querida, isso nem oralmente: o mais pequeno resvalo em direcção à mentira e a literatura entra em campo.

Mentira

Deixa-me dizer uma mentira: há dias em que consigo viver sem ti; são cada vez mais, e cada vez menos maus.

Enfim, três mentiras.

20.7.06

Um post perfeito

Há posts perfeitos, no Mundo Perfeito. Este é um deles.

A "última vez" já foi, e só se já foi o será, porque se estiver ainda por vir haverá sempre muitas mais "últimas vezes". Só sabemos que é a "última vez" a posteriori - como quase tudo numa relação, de resto. Por isso desejamos tanto que haja uma última vez, antes de definitivamente partires, antes do adeus definitivo, antes da próxima "última vez".

A vida é uma sucessão de últimas vezes que não aconteceram, nem acontecerão.

19.7.06

No fundo

No fundo, não gosto de mulheres: gosto de verdades. Por isso fico ligado a cada uma delas, a todas as que amei, para sempre.

5.7.06

Futebol - IV

É preciso reconhecer - Doutor, é grave? - que prefiro as ruas silenciosas de tristeza à arruaça da vitória.

Futebol - III

No fim, tive pena: o dono do restaurante mal conseguia esconder as lágrimas, ao dar-me a conta.

Futebol - II

Não sei se por altruísmo, se por segurança, entrei no restaurante e pedi o jantar durante o intervalo. Excesso de zelo: a cozinheira era ucraniana, ou coisa que o valha, e interessava-se tanto pelo jogo como eu.

Futebol - I

Já perdi por uma, agora perco por outra.

2.7.06

Remove

Vou enviar-te muitos SMSs. Quando estiveres farta, basta responderes com "Remover"...