31.12.08

Serviço Público - Discos

5 discos para acabar bem o ano e começar melhor:

Darren Johnston - The Edge of the Forest, Cleanfeed, CF 133 CD. A Cleanfeed foi recentemente eleita a melhor editora de jazz do ano. Por muito pouco nacionalista que se seja - porque os portugueses não são piores nem melhores do que os outros, nem vêm de um planeta diferente - é bom.

Hector Zazou & Swara - In the House of Mirrors, Crammed Discs, Craw 47. Hector Zazou e 4 músicos da Índia e do Uzbequistão. "An aural equivalent of a famous scene in Orson Welle's 'The Lady From Shangai'", diz a capa do disco; e diz tudo.

Montserrat Figueras - Lux Feminae, 900 - 1600, Alia Vox, AVSA9847. Um disco de música no feminino, do séc. X au séc. XVII, pela mulher de Jordi Savall. A voz é sublime, a escolha de músicas idem, a edição ibidem. Dos cinco, se fosse preciso escolher um, seria este.

La Reverdie - Suso In Italia bella - Musique dans les cours et cloîtres de l'Italie du Nord, Arcana A38. Uma descoberta, daquelas de nos deixar sem fôlego um bom momento (a quem gosta de música medieval, pelo menos).

Toumani Diabaté - The Mandé Variations, World Circuit WCD079. E este.

Le Locle - 1979










Le Locle - 1979






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Le Locle - 1979















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Bom ano 2009



O Don Vivo deseja a todas e a todos os que acompanham este blog um bom ano 2009.

(Ao contrário do que parece, esta fotografia é optimista: é preciso sê-lo, e muito, para se lançar de um trampolim de saltos - ou, no meu caso, para lá ir fotografar).

Com um obrigado especial ao Pedro Correia, do Corta-Fitas. Tocou-me duplamente.

Post do ano

Não vou tão longe como o Henrique Raposo - assim de repente vêm-me à memória meia dúzia de Rogério Casanova, para não ir mais longe - mas concordo que este é um dos melhores posts do ano. O que me aborrece um bocadinho, porque já não posso chamar reaccionários aos esquerdistas - pelo menos indiscriminadamente.

30.12.08

"Ódio"

"Autorizado"? Isso peca por defeito. Eu diria antes "acarinhado".
(Excluindo, claro, o "racismo altruísta" que tão bem analisa Paulo Tunhas).

Açores

Concordo em absoluto. E, de caminho, que a outra vá também.

Cascais, Judas e Santo; ou fartar-vilanagem

Uma das grandes aberrações da justiça portuguesa vai ser reaberta. Esperemos que venha a ser corrigida.

"Cascais - Ministério Público reabre ‘caso Judas’"

29.12.08

Dissonâncias cognitivas

Gostaria de ver o que diria o Bloco das previsíveis reacções do Hamas a algumas das suas causas fracturantes.

Aqueles ícones do respeito pelas minorias, paladinos dos direitos dos homossexuais, aquela gente civilizada, pacífica, democrata, adepta da igualdade das mulheres, defensora sem descanso dos direitos das minorias, aberta de espírito, moderna no melhor sentido do termo, aquela pobre gente, coitada é agora vítima, por causa de uns míseros 10 mil e tal rockets, de um ataque desses facínoras selvagens, incivilizados, anti-democratas que os israelitas são.

O Bloco de Esquerda devia mandar um emissário ao Hamas, tal é a concordância programática, tantas as coisas que unem os dois partidos.

"Bloco de Esquerda: ofensiva israelita em Gaza é um "reiterado crime de guerra""

Adenda: acabo de ler um artigo que aconselho vivamente: "Omnipotência do pensamento e racismo altruísta"

Ninguém imagina a quantidade de vezes que assisti a aplicações práticas desse artigo.

Aniversário

O Don Vivo celebra hoje, dia 29 de Dezembro, o seu quinto aniversário. Ainda não sei bem qual a forma que os festejos tomarão mas a efémeride aqui fica assinalada. O coiso mudou, evoluiu, cresceu, tornou-se uma companhia agradável, fez-me conhecer pessoas que tornaram a coisa mais interessante, rica, gira, divertida, complexa - numa palavra: melhor - e está para continuar.

Obrigado a todas e todos os que me lêem, leram e lerão.

28.12.08

Swayzak

I Dance Alone

Swayzak

Speed Boat

Spiritualized

Ladies and Gentlemen, we are floating in space


A belíssima descrição de um ano que passa

Aqui.

Nojo

Onde é que eles estavam, quando o Hamas martelava Israel com rockets e mísseis?

PS - mais, e melhor, aqui, aqui, e aqui.

Pouco a pouco

Tijolo a tijolo, frase a frase, dia a dia, carícia a carícia, passo a passo.

27.12.08

Não

Pior do que ter que dizer não é não ter sequer de o dizer.

Quand Gainsbarre se bourre, Gainsbourg se barre

Je suis venu te dire que je m'en vais:

A ausência de uma presença

O desejo é uma ausência. Não sei como explicar-te isto: estás sempre demasiado presente. 

Erros

Os nossos erros compreendem-se melhor do que os da nossa líbido.

Pontuação

Pontos de interrogação, reticências, vírgulas, pontos e vírgulas; dois pontos, pontos de exclamação - o caminho é longo, até se chegar ao ponto final parágrafo.

Les noms; ou Brassens

Quand je t'ai connue tu t'appelais Fernande. Aujourd'hui tu t'appeles Lulu. L'un de nous deux a changé. Ou les deux.

26.12.08

Pequenos anúncios

Homem, 42 anos, elegante, boa situação profissional, com forte handicap afectivo procura mulher assexuada para explorar complementaridades.

25.12.08

Portas fechadas

Mostra-me o caminho da próxima desilusão, por favor.

Injunção epocal

Vai para o amor que te carregue.

Machismos

Não sou um machista primário, defendo-me num post qualquer ali em baixo. É verdade: quando muito, poderia ser um machista secundário.

Eluard

"Je t'aime pour toutes les femmes que je n'ai pas connues
Je t'aime pour tous les temps où je n'ai pas vécu
Pour l'odeur du grand large et l'odeur du pain chaud
Pour la neige qui fond pour les premières fleurs
Pour les animaux purs que l'homme n'effraie pas
Je t'aime pour aimer
Je t'aime pour toutes les femmes que je n'aime pas


..."

(Paul Eluard - Je t'aime)

O fim de um dia no Chapitô

O dia desliza, como um barco à vela que se aproxima de uma costa após muitos dias de mar, para a noite. Ao meu lado um casal francês descobre Lisboa: "regarde, on est juste au dessous du chateau", diz ele. Mas ela apenas olha para o rio, em baixo, e para a cidade. Procura identificar os sítios por onde, provavelmente, passaram durante a tarde; eu bebo um sumo de tomate e penso na quantidade de vezes que vim a este restaurante contigo. Também falávamos francês e também te interessavas muito mais pela paisagem do que pelo que eu dizia. Tinhas razão, claro; mas desculpavas-te: "ne t'inquiète pas, ce soir je te prêterai attention", como se estivéssemos a jogar, como se precisasses de uma desculpa para a atenção que à noite me prestavas. Nessa altura eu andava a descobrir Paul Eluard: "La courbe de tes yeux fait le tour de mon coeur, / Un rond de danse et de douceur"; ou "je suis devant ce paysage féminin / comme un enfant devant le feu", mas tu não querias saber de livros, nem de poemas. "Je ne fais plus attention aux livres; je préfère l'odeur des rues, et ton odeur".

Hoje não há cheiros no ar, nem nas ruas. Lembro-me de um verso que durante muito tempo atribuí, erradamente, a Eluard: "un seul être vous manque, et tout est dépeuplé". Creio que foste tu que me corrigiste. E que foi para ti que Lamartine o escreveu.

Ciclismo em Lisboa - Algumas ideias

Lisboa não é, dolorosamente o reconheço, uma cidade fácil para se andar de bicicleta. Alguns dos problemas não têm remédio - por exemplo, os buracos nas ruas. É fisicamente impossível, todos nós sabemos, ter ruas lisas, sem buracos, etc. (excepto, claro, noutros planetas. Refiro-me apenas ao nosso).

Mas há outras dificuldades que são facilmente ultrapassáveis, como o das subidas. Deixo aqui uma sugestão para espíritos mais empreendedores e outra para a Carris:

a) Colocar pegas no exterior dos autocarros e eléctricos, de modo a permitir aos ciclistas que se lhes agarrem nas subidas (isto não é propriamente uma invenção minha: quando cheguei a Lisboa em 1974 havia muito mais bicicletas nas ruas do que hoje; e era frequente ver ciclistas agarrados aos eléctricos e autocarros); a minha sugestão inspira-se nesta prática antiga e comprovada. Além disso, a Carris poderia criar passes "Ciclista" e proibir de vez as bicicletas dentro dos autocarros.

b) Criar um serviço de motocicletas na base das principais colinas, destinado a rebocar os ciclistas que desejem subir de uma forma expedita (e pagante, claro). Com uma 125cc deve ser possível rebocar 4 bicicletas. Falta apenas pensar na melhor forma de o fazer, mas essa é a parte mais fácil.

Com estas duas inovadoras sugestões (e exportáveis), espero contribuir para tornar Lisboa uma cidade atractiva para as deslocações em bicicleta. Quem quiser ruas com menos buracos, vias cicláveis, automobilistas atentos*, tem que mudar de planeta.

* - A propósito de automóveis, há que ter presente que muitas vezes o problema é mais de falta de hábito do que outra coisa qualquer. Anteontem passeava por Campo de Ourique e ouvi um carro atrás de mim; como de costume, desviei-me bem para a direita e fiz-lhe sinal para passar; nada. Outro sinal; nada. Como a rua até nem era muito estreita, pensei que se tratava de um Hummer particularmente silencioso e que a senhora que o conduzia não estava muito à vontade (isto pode ser lido como uma diacronia narrativa ou como exibição de grande experiência. Não como machismo primário). Finalmente, a senhora lá passou. Era um Smart.

Pequenos Anúncios

Homem, 42 anos, elegante, boa situação, orfão desde muito novo procura jovem mãe (se possível de família numerosa) para o ajudar a perceber porque se diz tanto mal da família.

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Homem, 42 anos, elegante, boa situação, orfão desde muito novo procura jovem mãe (se possível de família numerosa) para o ajudar, de uma vez por todas, a perder as ilusões com a família.

24.12.08

Vamos à rede - IV






O mestre de redes a abrir o saco. É o momento mais perigoso de toda a sequência - ela mesma uma sequência de momentos perigosos. Contidos pelo nó que o senhor está a desfazer podem estar quase 20 toneladas de peixe - neste caso estariam 5 - 6 (isto de memória, que é muito falsa, coitada).

PS - As fotografias desta série não estão ordenadas cronologicamente.
PS2 - Isto não é uma reportagem.

Vamos à rede - III




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Vamos à rede - II




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Vamos à rede




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23.12.08

Aritmética da dor e do tempo

O Don Vivo não é, quem o lê regularmente, coitado sabe-o bem, um grande especialista em matemática - aliás, há mais de dois anos que acabou o curso complementar dos Liceus, e logo a seguir o Geral de Pilotagem da Escola Náutica - há mais de dois anos que não tem aulas dessa fascinante e polivalente disciplina.

É, contudo, um especialista do tempo, e da dor. E pode por isso garantir que o resultado da fórmula tempo (t) x dor (d) não é k, não é uma constante. Isto é, se se variarem os factores em ordens inversamente proporcionais o resultado altera-se, não se mantém. Traduzindo isto em matematiquês, dá qualquer coisa como, por exemplo, (se a memória não me falha) td ≠ 1/2t x 2d. Além disso, se t tender para infinito e d para zero, o resultado, chamemos-lhe x, aumenta, não diminui.

Isto é, a dor infligida em pequenas doses durante muito tempo é superior a muita dor infligida durante pouco tempo. Sobretudo se essa dor fôr distilada ao longo do tempo com a precisão de um bisturi, a eficácia de um Caterpillar e o savoir-faire de um Talleyrand.

Esta fórmula aplica-se tanto a quem inflige a dor como a quem a recebe.

PS - a ajuda de uma ou um leitor mais versado (ou versada, que pena tenho dos tempos em que o masculino não excluía ninguém)em formulação é solicitada, bem vinda e desde já agradecida.

Analogias, ou Correr com o tempo




Quando está mau tempo - demasiado para prosseguir a sua rota normal (ou como aqui, um navio de pesca, para continuar a faina) - um navio tem duas soluções: "correr com o tempo" (é o que neste caso o "Altair" está a fazer) ou "pôr-se de capa".

"Correr com o tempo" consiste - parece-me intuitivo, mas nunca se sabe - em colocarmo-nos na direcção do vento e navegar com ele: o vento relativo diminui, o navio "cansa-se" menos (e os homens também, claro) e, enquanto houver água a sotavento é deixar ir. É uma solução confortável, mas que exige atenção ao risco de se embarcar uma vaga pela popa.

Como tudo no mar, esta solução tem limites: pode acontecer, naturalmente, que a direcção do vento esteja próxima do nosso rumo; mas é raro. Por uma razão que só alguns meteorologistas, e os pessimistas sabem explicar, o vento vem sempre do sítio para onde nós queremos ir, sempre (a alternativa, numa embarcação de vela, sendo não haver vento, mas isso é outra história).

Se o capitão se apercebe que correr com o tempo o afasta demasiado da rota (ou que corre o risco de ficar a barlavento de uma costa, coisa que nenhum capitão no seu perfeito juízo quer, muito menos com mau tempo), dá a voz "põe de capa" (ou "à capa").

A capa é o contrário: aproa-se ao vento, reduzem-se as máquinas (numa embarcação de vela, o pano) ao mínimo indispensável para manter o navio governável, e espera-se que aquilo passe (na Namíbia uma destas tempestades pode durar uma semana, se bem seja raro. Normalmente são dois ou três dias). O objectivo é oferecer o mínimo de resistência ao vento e ao mar, apresentar-lhes a menor superfície de embate possível. Na capa o navio sofre, geme, bate na vaga - mas o risco de embarcar mar pela rampa de pesca; ou daquilo a que os marinheiros portugueses do antigamente chamavam uma "volta de mar" (é uma vaga que rebenta em cima do navio. Ninguém imagina os estragos que pode fazer) são menores, pois o que se apresenta à vaga é a proa.

A gestão do mau tempo é, quase sempre, uma mistura de capa e de correr com o tempo. Claro que há outras situações - sobretudo lá para o fim das depressões, em que o mar fica "cruzado", as vagas se tornam piramidais (em vez de fazerem estas linhas bonitas e paralelas) - mas os leitores que me perdoem: isto não é um curso de marinharia. É uma analogia.

É Natal

A todas e todos os simpáticos e generosos leitores deste blog os meus votos de um Natal Feliz e um Ano Novo Próspero - e Feliz, também, porque não?




Uma magnífica fotografia de Júlio Quirino (desculpem o pleonasmo).

22.12.08

Para dar um bocadinho de côr

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Lisboa - Dez. 08, Jardim da Estrela



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Nota: a maioria das fotografias que aqui mostro foi pensada e feita para ser vista em grande formato. Clicar para as ampliar não resolve nem de longe a questão, mas sempre é um bocadinho melhor.

Lisboa - Dez. 08, Rossio




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Lisboa - Dez. 08, Jardim das Amoreiras





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