Hoje descobri um restaurante chinês não muito longe de minha casa; obteve, nesta primeira visita, a classificação de medíocre mais, o que já não é mau de todo. É a mais frequente, numa primeira visita a um restaurante chinês.
Fui jantar comigo e, enquanto comíamos (um chao-min de porco e legumes) ocorreu-me que talvez o Don Vivo seja demasiado virado para dentro. Foi esse o tema do debate ao jantar: será o Don Vivo, coitado, demasiado virado para dentro?
"Quando vejo", argumentei, "o post aqui de baixo [inspirado numa história real, numa jovem, bonita, dinâmica, talentosa e feminina senhora que eu não amei como devia e ela merecia], penso que não". "Porra! [quando estou comigo sou um bocadinho mal-criado]", respondi. "É quando olho para o post ali abaixo que penso que esta porcaria deste blog só existe para o teu umbigo. Um post inteiro sobre uma senhora, os efeitos que ela teve em ti e os que tu gostarias de provocar nela!". "O caraças", retorqui, "é um post vachement ouvert sur le monde, aplicável a milhares de situações e de pessoas".
Poupo aos simpáticos e generosos leitores - e simpáticas e generosas leitoras também, claro - os pormenores do debate entre mim e mim. Passou por fases bastante - digamos assim - acesas. Vamos directamente à conclusão:
Nós, eu e eu, decidimos tornar este blog ainda mais interactivo ("ainda mais" refere-se à abertura da caixa de comentários: foi um marco qualitativo notável e relevante, de cujos efeitos ainda não nos recompusémos totalmente e que queremos desde já agradecer às gentis e persistentes promotoras). Vamos abrir um concurso - enfim, vários concursos, um de cada vez. (Talvez fosse melhor chamar-lhes inquéritos, já que "concurso" implica prémios).
A questão de hoje é:
Você vai pela primeira vez a um restaurante chinês com uma jovem senhora (o concurso é feito da minha perspectiva, mais uma prova da inextinguível vontade de voltar este blog para o exterior) com quem espera partilhar o resto da sua vida, ou pelo menos esta noite (para ela não ter a impressão que você está a pedir demais). Solicita, como sempre, os pauzinhos e a tigela - até aqui nada de especial, de qualquer forma não se pode comer comida chinesa de outra maneira.
Mas - aqui está o busílis da questão - é acometido por uma irreprimível necessidade de comer chao-min (as associações de ideias são sempre um bocadinho primárias, nos restaurantes chineses). Que faz:
a) Explica à senhora que as massas chinesas são muito melhores quando sorvidas ruidosamente, e que aliás é essa a maneira educada de as comer na China, e mostra-lhe como se faz;
b) Explica tudo à senhora, mas abstém-se da parte prática (...);
c) Não explica nada e come as massas como sempre as comeu, fingindo um ar espantado perante o (mais que prevísivel) ar de nojo dela;
d) Espera - no caso de ter sido a primeira parte do desejo a concretizar-se - por uma ida ao chinês com a sogra para exibir os seus conhecimentos de cultura chinesa (...);
e) Só convida para restaurantes chineses senhoras que sabem que o chao-min se sorve ruidosamente, e o fazem ainda melhor que você.
Gostaria, por favor, que dessem as respostas organizadas por sexo; isto é: "eu sou uma senhora e nesse caso preferiria a solução x". Ou: "eu sou homem e nessa situação faria (ou faço, habitualmente) x".
É um inquérito (ou concurso, se não houver mais de duas mil respostas e pudermos ir todos a um restaurante chinês - um bom, claro. O prémio será decidido na altura) importante: é a primeira vez que o Don Vivo sai da casca, por assim dizer, e se volta, decidido, para o mundo exterior.
Fui jantar comigo e, enquanto comíamos (um chao-min de porco e legumes) ocorreu-me que talvez o Don Vivo seja demasiado virado para dentro. Foi esse o tema do debate ao jantar: será o Don Vivo, coitado, demasiado virado para dentro?
"Quando vejo", argumentei, "o post aqui de baixo [inspirado numa história real, numa jovem, bonita, dinâmica, talentosa e feminina senhora que eu não amei como devia e ela merecia], penso que não". "Porra! [quando estou comigo sou um bocadinho mal-criado]", respondi. "É quando olho para o post ali abaixo que penso que esta porcaria deste blog só existe para o teu umbigo. Um post inteiro sobre uma senhora, os efeitos que ela teve em ti e os que tu gostarias de provocar nela!". "O caraças", retorqui, "é um post vachement ouvert sur le monde, aplicável a milhares de situações e de pessoas".
Poupo aos simpáticos e generosos leitores - e simpáticas e generosas leitoras também, claro - os pormenores do debate entre mim e mim. Passou por fases bastante - digamos assim - acesas. Vamos directamente à conclusão:
Nós, eu e eu, decidimos tornar este blog ainda mais interactivo ("ainda mais" refere-se à abertura da caixa de comentários: foi um marco qualitativo notável e relevante, de cujos efeitos ainda não nos recompusémos totalmente e que queremos desde já agradecer às gentis e persistentes promotoras). Vamos abrir um concurso - enfim, vários concursos, um de cada vez. (Talvez fosse melhor chamar-lhes inquéritos, já que "concurso" implica prémios).
A questão de hoje é:
Você vai pela primeira vez a um restaurante chinês com uma jovem senhora (o concurso é feito da minha perspectiva, mais uma prova da inextinguível vontade de voltar este blog para o exterior) com quem espera partilhar o resto da sua vida, ou pelo menos esta noite (para ela não ter a impressão que você está a pedir demais). Solicita, como sempre, os pauzinhos e a tigela - até aqui nada de especial, de qualquer forma não se pode comer comida chinesa de outra maneira.
Mas - aqui está o busílis da questão - é acometido por uma irreprimível necessidade de comer chao-min (as associações de ideias são sempre um bocadinho primárias, nos restaurantes chineses). Que faz:
a) Explica à senhora que as massas chinesas são muito melhores quando sorvidas ruidosamente, e que aliás é essa a maneira educada de as comer na China, e mostra-lhe como se faz;
b) Explica tudo à senhora, mas abstém-se da parte prática (...);
c) Não explica nada e come as massas como sempre as comeu, fingindo um ar espantado perante o (mais que prevísivel) ar de nojo dela;
d) Espera - no caso de ter sido a primeira parte do desejo a concretizar-se - por uma ida ao chinês com a sogra para exibir os seus conhecimentos de cultura chinesa (...);
e) Só convida para restaurantes chineses senhoras que sabem que o chao-min se sorve ruidosamente, e o fazem ainda melhor que você.
Gostaria, por favor, que dessem as respostas organizadas por sexo; isto é: "eu sou uma senhora e nesse caso preferiria a solução x". Ou: "eu sou homem e nessa situação faria (ou faço, habitualmente) x".
É um inquérito (ou concurso, se não houver mais de duas mil respostas e pudermos ir todos a um restaurante chinês - um bom, claro. O prémio será decidido na altura) importante: é a primeira vez que o Don Vivo sai da casca, por assim dizer, e se volta, decidido, para o mundo exterior.
Tal como pedido no que respeita à identificação, sou uma senhora e, como tal, prefereria SEMPRE e sem sombra de dúvidas a hipótese b, retirando-lhe os considerandos entre parentesis.
ResponderEliminarLuís, eu sou uma senhora e lamento decepcioná-lo, mas não opto por nenhuma das soluções. Na minha opinião, um primeiro encontro impõe rígidos tabus alimentares, nos quais incluiria, inequivocamente, sopas, esparguete, massas folhadas, chocos com tinta e percebes… e, a partir de hoje, também o chao-min.
ResponderEliminarP.S.: Na eventualidade de ser obrigatório escolher uma alínea, inclino-me para a última, a alínea e). Mas escolho a menos votada, se o prémio for comer o dito chao-min.
Eu sou uma Senhora e aconselharia, aos dois que o Don Vivo (que, de facto, e muito bem - e com humor requintado - saiu da casca...), à falta de melhor, escolhesse a alínea e).
ResponderEliminarAconselharia é a palavra mais certa; porque eu preferiria sempre ir a um restaurante à beira-mar comer ameijoas. Foi assim que fui conquistada (risos)
:-D
Luísa, o chao-min não é bem bem bem um esparguete; se bem seja o seu, dele, esparguete, antepassado (dizem os chineses. Os italianos, eivados de evidente má-fé nacionalista, dizem que Marco Polo levou as massas para a China, quando o que aconteceu foi evidentemente o contrário: ele trouxe-as de lá - isto é, se aceitaros que ele chegou realmente à China, coisa de que há alumas dúvidas. Mas o debate não é sobre os italianos ou as viagens de Marco Polo. É sobre tabus alimentares no primeiro encontro).
ResponderEliminarOu seja, acho que dado o seu carácter exótico e antigo, o chao-min pode ser excluído da lista de tabus... (tal como a sopa, claro, que é um prato nobre, mas isso é outra história) - e, diz-nos a nossa esquiva (enfim, agora menos, não é?) Fugidia que as amêijoas também não - acha que estão na mesma lista dos percebes?
Já os chocos com tinta aceito sem hesitar - quanto mais não seja, por simples precaução e bom senso; os esparguetes italianos também, questão de bom gosto (excepto, claro, se o objecto do desejo e do amor fôr italiana, mas aí já se revela uma tendência para o risco que poderá revelar-se errada, como estratégia). Com a interdição de massas folhadas também concordo, sem qualquer caveat.
Ou seja, até agora temos duas e) e uma b).
PS - informação que não tem nada a ver: o Don Vivo vai, em breve, festejar os seus cinco anos de existência.
Luís,
ResponderEliminara nunca esquiva fugidia descobriu que não há nada mais romântico do que molhar o pão no molhinho das amêijoas, com uma vantagem em relação ao chao min: é possível saboreá-las sem ruídos desagradáveis - assim se tenha algum requinte (risos abafados).
Ah!, e não me fale das mãos: nada como lavá-las graciosamente na tigela de água com limão que nos oferecem depois do repasto...
:-D
"Molhar o pão no molhinho das amêijoas", Fugidia, num primeiro encontro? Hummm, algo me diz que essa afirmação vai esbarrar contra uma sólida barreira de desaprovação da nossa amiga Luísa...
ResponderEliminarEstou enganado, Luísa?
PS - sólida mas discreta, bem entendido...
ResponderEliminarFugidia e Luís, a barreira (de desaprovação) é tão discreta que vai manter-se recolhida. Não, ainda assim, sem lamentar que a água com limão não só não venha oferecida em românticos lavabos de prata, como já tenha sido substituída por uns anti-românticos «tissues» molhados, à semelhança dos que oferecem nos aviões.
ResponderEliminarP.S.: As amêijoas são, frequentemente, um excelente entremeio para um primeiro encontro começado na praia. ;-D
Hummm, Luísa, lá me enganei... Mas então de onde vem - se posso perguntar - a interdição de percebes?
ResponderEliminarLuísa, :-D
ResponderEliminarLuís :-p
P. S.
ResponderEliminarLuísa, não eram de prata; eram de loiça mas ainda assim românticos (os lavabos).
Ainda há restaurantes charmosos...
:-)))
Pois!
ResponderEliminarQue pode um homem fazer, face a uma coligação de senhoras decididas, amores nascentes e lavabos para as mãos em cerâmica?
Nada. Ou, então, citar uma máxima francesa apropriada: "Ce que femme veut Dieu veut".
Luís, chao-min comido com as mãos e sorvido ruidosamente está em 1º lugar na minha lista de proibições de primeiro encontro: JAMAIS arrisque isso com uma senhora que queira conquistar, a não ser que ela seja chinesa ou uma esfomeada sem-abrigo... não há exotismo cultural que salve um espectáculo tão inestético como esse, lamento informá-lo. Vá por mim, se não quiser arriscar um sorriso amarelo (e é preciso que ela tenha algum humor), um esgar horrorizado ou mesmo uma saída intempestiva, ainda antes que tenha tempo de limpar as mãos e correr atrás dela...
ResponderEliminar:-)
Ana, obrigado pelos seus judiciosos conselhos e esclarecedoras explicações :-).
ResponderEliminarPresumo portanto que opta por b).
2 - 2.
Este inquérito ainda vai a meio e já os seus efeitos benéficos se fazem sentir.
ResponderEliminarNão me refiro só aos imediatamente visíveis, como o apagamento dos considerandos entre parênteses da b), cortesia - desde já agradecida - de uma senhora anónima.
Há outros. O inquérito continua até terça-feira dia 9 à meia-noite.
Sexo: Masculino
ResponderEliminarIdade: 48
Jamais colocaria a hipótese de sorver o que quer que fosse à frente de uma senhora, jovem ou não, a quem quisesse deixar boa impressão. Se a boa impressão passasse por comer chao-min no Oriente, e a senhora fosse oriental, claro está que a estratégia de sedução seria sorver, multiculturalmente falando. Mas na Europa, isso representaria no mínimo má educação, desrespeito, o que uma Senhora, que se diz como tal, não apreciaria certamente. Hipótese b
Sou uma jovem senhora, como o Luís chamaria e passo pelo DV de quando em vez. A ideia de ver alguém comer de boca aberta, mastigar ruidosamente ou sorver sopa (que não como) ou bebidas é muito irritante e pouco sedutora. Não o conheço mas se estivesse à minha frente com tal atitude, levantar-me-ia. Acho que não me revejo em nenhuma das opções porque, apesar de simpatizante da B, não gosto da ideia de jantar com alguém só para ser seduzida. Isso é redutor num jantar. É quase aquela história de comer para ser comido a seguir. No way!
ResponderEliminarJá pensou em mudar de estratégia? Quem sabe se não passa a ser mais bem sucedido...
b) - 3
ResponderEliminare) - 2
Abstenção - 1
(Posso, cara Anónima das 14:27, contar como abstenção a sua resposta?)
Obrigado por ter respondido, e pelo conselho que me dá. Vou considerá-lo :-).
Caríssimo, se a hipótese b encerra a ideia da sedução pós repasto, pode e deve considerar o meu voto como abstenção, branco ou nulo. Como preferir. Mas nesse caso deveria ter dado uma última hipótese de NR (não responde)...
ResponderEliminarOra bem, fechado que está o inquérito / concurso, vamos cortar o bolo às fatias (não muito finas, infelizmente, que isto não é um tratado):
ResponderEliminarI - o aspecto da sedução, cara Anónima, estava lá para dar um bocadinho de tensão dramática à questão. Imagine um casal, unido pelos santos e indefectíveis aços do matrimónio e do amor - não são os mesmos - há, digamos, 15 anos.
Imagine que esse casal vai a um restaurante chinês 8 vezes por ano (2 vezes por trimestre, não deve andar muito longe da média); e que em 20% dessas vezes o homem pede chao-min. Ou seja, eles já jantaram juntos num chinês 120 vezes, e dessas 120 refeições 24 foram de massa chinesa.
Eu acredito piamente que à 25ª (se ele insistisse, claro, em pexplicar-lhe a questão do ruído, etc.) a senhora lhe dissesse "oh homem faz o barulho que quiseres, come com as mãos com os pés ou pelo nariz, pede uma palhinha - faz o que quiseres, mas não me aborreças mais com o raio do barulho".
II - A sedução não era, portanto o elemento central da questão: de qualquer forma, o jantar é uma das componentes, mas de forma alguma o mais importante (a meu humilde e inseguro ver, claro). Começar uma relação afectiva (desculpe o uso deste termo, mas de momento não tenho outro) com um jantar é um erro. Por mim prefiro que o primeiro passo seja dado em torno de uma chávena de chá, deixando o jantar para a parte final do processo.
Ou seja, a b) ganha por 4 a 2 da e);
III - o que nos leva à questão do restaurante: acho que não se deve ir a um restaurante chinês senão com senhoras quem com já tenhamos um sólido passado conjunto, ou a quem nada mais do que laços de amizade nos unam e esperamos nos venham a unir.
Os restaurantes chineses têm - salvo (em Portugal) uma excepção - uma imagem cheap, são feitos para maximizar o número de clientes e são, salvo raríssimas excepções, mal decorados. Não é o quadro ideal para uma abordagem romântica, mesmo que a pessoa que se pretende, digamos, conquistar tenha vivido 20 anos na China.
IV - o que nos levaria, se quiséssemos, ao tema candente da sedução, dos jantares e das interacções entre os dois. São muita, e conhecidas desde a antiguidade - desde que a sedução existe, ou é pensada.
Hoje sabemos que o estado prazenteiro no qual uma boa refeição nos deixa vem da presença elevada de serotonina no nosso cérebro. Os hidratos de carbono produzem mais dessa simpática substância do que, por exemplo, as proteínas (por isso escolhi o chao-min, de que na realidade não sou apreciador incondicional).
Ou seja: não é de todo estúpido insistir com o objecto do nosso amor para que o seu jantar seja composto de farináceos (e leguminosas, aaaggghh), o mais possível (isto aplica-se aos dois sexos). Mas não nos devemos esquecer, e este modesto e primeiro passo na interactividade demonstra-o, que muito mais potente do que a serotonina são os costumes, e a maneira como nos relacionamos com eles (muitas vezes chamada educação).
Muito obrigado a todas e todos. O próximo inquérito / concurso está na calha. Não escondo que há uma relação drecta com o jantar de aniversário do Don Vivo.