8.12.10

Teorias da conspiração, inveja e emendas

Por razões que não vêm agora ao caso resolvi mudar radicalmente este post. Mas a ideia que lhe estava subjacente - a de que o desleixo e a incompetência explicam uma grande parte da má qualidade da legislação portuguesa, mas não a explicam, nem de longe, toda - continua, claro.

Isto dito, é preciso acrescentar que, se a classe política em Portugal se porta como se porta, a culpa não é dela. Ninguém cede voluntariamente poder, ou as benesses que dele advêm. Não é por altruísmo, civilização ou sentido do dever que os políticos suíços, alemães, nórdicos servem realmente os países deles - é porque a isso foram obrigados. Basta ler Selma Lagerloff ou Knut Hamsun.

Tal como a aversão ao risco dos, passe o oxímoro, investidores portugueses. Numa economia menos politizada, menos estatizada e mais competitiva os nossos investidores seriam iguais a quaisquer outros. É provável que o ADN português tenha mudado desde o século XVI; mas é pouco provável que tenha mudado assim tanto.

Hoje somos um país de cobardolas; João Távora, aqui, foi o primeiro a dizê-lo (pelo menos que eu tenha lido) claramente na blogosfera. Mas isso é hoje - grande parte das Descobertas e da e Expansão portuguesas foi financiada pela iniciativa privada.

Ao contrário do que gostam de pensar, os portugueses não vieram de outro planeta. Ponham um português na Suíça ou na Alemanha e em cinco anos têm um mais-do-que-suíço, ou alemão (excepto num ou outro jogo de futebol, e nas sardinhas assadas; ainda bem).

Portugal não tem emenda? Tem. Quando quisermos. Se.

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