Se tivéssemos de começar pelo princípio, por onde começaríamos? Por uma incontrolável vontade de vinho, um copo de vinho, um vinho já não digo bom, mas pelo menos decente.
A quatorze euros e vinte e nove cêntimos a garrafa o Costa Pacífico não é propriamente barato; mas é, verdade seja dita, uma merda. Verdade seja ainda dita que tem uma qualidade: é a primeira Syrah que bebo que é uma merda e não é imbebível (apesar de lá estar perto, muito perrrrto).
[O meu Pai carrregava nos èrrres. Uma das imagens da minha vida é ouvi-lo comentar um vinho com o P. da F., seu amigo de casa e do coração, na Venezuela. "Estes vinhos chilenos não são maus. Não percebo porque é que essa malta da esquerda não gosta do Pinochet. Um gajo que faz vinhos assim não pode ser mau".]
Mas não vamos começar pelo princípio. Vamos começar pelo fim, por este rio, sempre o mesmo, tão belo; pela música que quando cheguei estava óptima mas era só o saxofonista a aquecer, agora está como o vinho, uma merda pechisbeque, pimba, mas bem executada; pela caipirinha sem açúcar, a primeira coisa boa desta noite na qual um penne bolognese demora mais de meia hora e uma mousse de maracujá outro tanto.
Salva-se, salva-me o rio, a ideia de estar contigo um dia não muito longe (é um oxímoro, eu sei), o saxofonista. Depois da chuva não há vento, são os únicos momentos sem vento nesta cidade e agora vêm a matar.
.
Não quero vento e queria um bocadinho de boa música, mais um; ou então silêncio, porque o rio está silencioso, imóvel, e é assim que eu quero este momento: silencioso e imóvel.
Recomeçou a trovoar. Tive a primeira ameaça de conhecer a burguesia local, mas é provável que me vá embora antes, se Deus quiser e a chuva não continuar.
A coisa mais parecida com a pizzaria O Comilão onde já estive é uma cantina de estivadores. Não é completamente deslocado porque esta área da cidade chama-se Porto das Barcas e é o antigo porto da cidade, mas não é por isso que e agradável. Pelo menos a senhora deixa-me beber o vinho e - Allahu Akbar - não fala tanto como a irmã. Não falou nada, mesmo, para além de me cumprimentar e responder que sim, podia beber o vinho.
E sim, posso esperar por esse dia oxímoro. E sim, o vento voltou.
......
A música está a tornar-se grotesca. Deve ser hora de ir para a cama.
A quatorze euros e vinte e nove cêntimos a garrafa o Costa Pacífico não é propriamente barato; mas é, verdade seja dita, uma merda. Verdade seja ainda dita que tem uma qualidade: é a primeira Syrah que bebo que é uma merda e não é imbebível (apesar de lá estar perto, muito perrrrto).
[O meu Pai carrregava nos èrrres. Uma das imagens da minha vida é ouvi-lo comentar um vinho com o P. da F., seu amigo de casa e do coração, na Venezuela. "Estes vinhos chilenos não são maus. Não percebo porque é que essa malta da esquerda não gosta do Pinochet. Um gajo que faz vinhos assim não pode ser mau".]
Mas não vamos começar pelo princípio. Vamos começar pelo fim, por este rio, sempre o mesmo, tão belo; pela música que quando cheguei estava óptima mas era só o saxofonista a aquecer, agora está como o vinho, uma merda pechisbeque, pimba, mas bem executada; pela caipirinha sem açúcar, a primeira coisa boa desta noite na qual um penne bolognese demora mais de meia hora e uma mousse de maracujá outro tanto.
Salva-se, salva-me o rio, a ideia de estar contigo um dia não muito longe (é um oxímoro, eu sei), o saxofonista. Depois da chuva não há vento, são os únicos momentos sem vento nesta cidade e agora vêm a matar.
.
Não quero vento e queria um bocadinho de boa música, mais um; ou então silêncio, porque o rio está silencioso, imóvel, e é assim que eu quero este momento: silencioso e imóvel.
Recomeçou a trovoar. Tive a primeira ameaça de conhecer a burguesia local, mas é provável que me vá embora antes, se Deus quiser e a chuva não continuar.
A coisa mais parecida com a pizzaria O Comilão onde já estive é uma cantina de estivadores. Não é completamente deslocado porque esta área da cidade chama-se Porto das Barcas e é o antigo porto da cidade, mas não é por isso que e agradável. Pelo menos a senhora deixa-me beber o vinho e - Allahu Akbar - não fala tanto como a irmã. Não falou nada, mesmo, para além de me cumprimentar e responder que sim, podia beber o vinho.
E sim, posso esperar por esse dia oxímoro. E sim, o vento voltou.
......
A música está a tornar-se grotesca. Deve ser hora de ir para a cama.
Vamos ver se atino com o sistema de fazer os comentários. Ou estou a ficar senil, ou isto está armadilhado. Dos vários comentários que já escrevi, consegui enviar um. Quase senil....
ResponderEliminarTeoricamente foi para o ciberespaço e aterrou em terras de Sta Cruz. O comentário? esqueci-me! Faz de conta que era um mau solo de sax!
ResponderEliminar