26.5.14

O trigo do joio

Um médico do SNS tenta desencaminhar a minha Mãe do serviço público para o seu consultório privado. Fez isto durante uma consulta do SNS, em instalações do SNS, durante o seu tempo de trabalho para o SNS. O argumento que usou foi que no SNS demoraria muito tempo. Se fosse ele a fazer-lhe a operação, durante o seu período de trabalho no sector privado, seria mais rápido.

Ou seja: o SNS está a financiar o marketing do doutor (que, de resto devia ser autorizado a fazer-se publicidade. Não vejo inconveniente nenhum nisso, desde que seja ele a pagá-la). Ou seja, todos nós estamos a financiar a publicidade do senhor.

Deve ser por isso que cada vez me recuso mais a separar os funcionários públicos uns dos outros. Separo pessoas. Conheço médicos de uma seriedade irrepreensível, como conheço professores, polícias e (é pouco provável mas não impossível)  funcionários daqueles de balcão cuja única função na vida é foder a vida a quem trabalha.

Mas cada vez que oiço alguém defender o Estado Social apetece-me mandá-lo, muito precisa e lentamentamente, para a puta que o pariu.

Como a minha Mãe não tem dinheiro para fazer a operação no sector privado, está em lista de espera. Na lista de espera do médico que a aconselhou a ir para o sector privado. Há momentos em que gostava de ser um  gajo violento.

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