É muito noite. Isto é: é muito noite sem ti. Contigo não há noite. Há luz. Há - como dizer o contrário de noite, quando todos sabemos que a noite não tem antónimos? - uma coisa que prolonga a noite.
Como se de repente a noite se vestisse de pele e de arrepios e de um fremir quase mudo, quase nocturno, como se de repente a noite se vestisse de orvalho e nós nela navegássemos como se de cada gota fizéssemos um mar, o mar: o Atlântico. O Pacífico. O Índico.
Cada pele é um mar e cada mar uma noite e cada noite uma vaga.
E eu? E tu? Onde estamos nessas noites que nos perderam, nas quais nos perdemos, que se perderam, que perdemos?
Noite? Que é a noite sem ti? Que é o abismo?
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Não prometo responder a todos os comentários, mas prometo que fico grato por todos.