20.5.15

Diário de Bordos - Isla San Andrés, Colômbia, 20-05-2015 / II

Sem água corrente, com uma bateria que nem 100 Ah tem, esgotos do lava-loiças e do duche (estes últimos não utilizados, claro) para os fundos - esgoto-os depois com uma bomba agora eléctrica, mas antes manual - encanamentos e circuitos eléctricos à lagardère, tudo feito ao desenrasca e ao isto chega e a cheirar mais a improviso do que uma desgarrada W. parece um barco para quem tem vinte anos.

Tem um mérito: confirmou que quero ter um barco meu. Merda por merda, antes navegar numa que seja minha.

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Passei o dia a tentar organizar a minha vida a bordo. Não tenho corrente de terra porque o cabo é demasiado curto (os bornes de 110 estão no outro pontão, coisa que miseravelmente não consigo compreender. A maioria das embarcações que aqui vem é americana e neste pontão só há 220; o outro é para lanchas pequenas, foras-de-borda); não tenho água porque não os tanques estão cheios de buracos e mesmo que não estivessem a mangueira é demasiado curta (desta vez é a mangueira; a torneira até nem está muito longe). Encho os garrafões de vinte litros que me custaram uma fortuna em Almirante. Mas a água da marina não é potável; o Adolfo não apareceu como tínhamos combinado, pelo que o ferro à popa fica para amanhã; o electricista tão pouco, mas verdade seja dita não é uma urgência; continuo sem saber de onde vem o problema da caixa e ainda não encomendei as juntas para o braço hidráulico porque o homem do fornecedor americano não respondeu ao e-mail que lhe enviei.

Em contrapartida tenho finalmente net a bordo.

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A. e P. vão-se embora. Vou lamentá-los: boa companhia, educados e trabalhadores.

Mas que me perdoem: regresso à minha solidão com um inextinguível, inapelável prazer.

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